É do portão de entrada na casa que a cerimonialista Liliana Cabral Sarmento conversa e troca afagos com a avó Maria José Valença, a dona Mariinha, 93 anos, que ela carinhosamente chama de voinha. Desde que a pandemia do novo coronavírus começou as duas só se veem dessa forma: Lili na calçada e a avó na porta de entrada da casa. Situação bem diferente de quando as duas viviam sempre juntas, embora a neta não more com ela. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀
Num vídeo, de quando teve de falar para a avó que não poderiam mais se abraçar e trocar beijos, no primeiro dia do decreto governamental de medidas de isolamento social, dona Mariinha ficou sem entender o por quê do sacrifício de se afastar da neta. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀
O Eufêmea ouviu Liliana Sarmento para saber como estão sendo os dias sem a pessoa que tanto ama.
“No início, ela ficava dizendo que não precisava porque eu não estava gripada ou doente, mas depois fui conversando e ela compreendeu. Apesar da idade ela é muito lúcida e compreende mesmo não gostando muito da ideia”, conta. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀
A cerimonialista diz que cumpre à risca as recomendações para proteger a avó. “Agora, depois da pandemia, vou na casa da minha avó para levar o que ela precisa com relação a alimentação e remédios, mas estou obedecendo as orientações, mantendo distância e sempre de máscara. Fico no portão, antes da garagem e ela fica sentada no jardim. Antes, ia lá com mais frequência, mas o telefone e as ligações de vídeo ajudam na distância”, ela afirma. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀
Das lições que aprende desse momento de separação, Liliana afirma: “Sempre aprendi a superar, fui criada para isso. É difícil, mas é totalmente necessário ter todos os cuidados para proteger a quem a gente ama, principalmente se as pessoas mais importantes da sua vida são sua tia e avó que já são idosas”.