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De cada dez pacientes, oito relatam presença de bruxismo na pandemia; especialista alerta para danos

Você sabe o que é bruxismo? Caracterizado pelo apertamento e ranger dos dentes, seja ao dormir (bruxismo noturno) ou mesmo acordado (bruxismo em vigília), como revela a cirurgiã-dentista Taís Gusmão, o problema  aumentou durante a fase do isolamento social decretado para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. A especialista revela que “a cada 10 pacientes, ao menos 8 relatavam a presença de algum sintoma de apertamento dental” no consultório dela.    

Taís, que é formada pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), especialista em dentística restauradora, com atuação na área de odontologia estética, explica que “o bruxismo é um hábito parafuncional, ou seja, que fazemos sem perceber e que pode trazer algum dano, causado por estresse, ansiedade, concentração, problemas com o sono, em que a pessoa range ou aperta os dentes”. 

As consequências para quem sofre de bruxismo, ela relata que são “principalmente desgastes e fraturas dentais, mas também dores de cabeça frequentes por tensão, DTMs (disfunções temporomandibulares) como dor e estalos na ATM (articulação tempero mandibular), dificuldade de abrir a boca, danos em restaurações e próteses, sensibilidade dental, retrações gengivais, envelhecimento precoce dos dentes”. 

O importante é que o bruxismo tem tratamento, como  informa a cirurgiã-dentista. “Primeiramente é necessário um correto diagnóstico com dentista para sabermos as possíveis causas do bruxismo. Na maioria dos casos, a abordagem precisa ser multidisciplinar, além da intervenção odontológica que pode ser clínica ou cirúrgica, também com a fisioterapia e psicoterapia em muitos casos”. 

Durante a fase de isolamento social, outras queixas que chegaram ao consultório, segundo Taís Gusmão, “além dos relatos de dor orofacial, foi a quebra de restaurações e sensibilidade dentária. Grande parte em decorrência dos bruxismos e apertamentos”, ela conta. 

O bruxismo e suas consequências para os dentes: dor orofacial, foi a quebra de restaurações e sensibilidade dentária

E em que momento é necessário buscar ajuda? Segundo Taís, “o ideal é que o paciente esteja sempre em dia com as consultas de prevenção, pois os primeiros sinais podem surgir de forma silenciosa, então seria possível prevenir danos maiores”. 

“Mas é importante estar alerta ao perceber momentos em que esteja apertando os dentes durante o dia, presença de dores de cabeça ao final do dia ou ao acordar, quebras de restaurações… tudo isso é sinal de bruxismo”. 

O tratamento inicial é odontológico, mas em muitos casos, conforme a especialista, terá que ser complementado com fisioterapia e psicoterapia.  

Tratamento inicial é odontológico, mas pode ser complementado com fisioterapia e psicoterapia, segundo a especialista Taís Gusmão

E este não é um problema apenas dos adultos. Crianças também podem ser acometidas. “No caso delas, fatores ligados à qualidade do sono, mudanças de rotina podem influenciar bastante. A consulta com odontopediatra desde cedo ajuda muito ao controle desses casos”, informa Taís. 

A  cirurgiã-dentista não tem dúvida que este é um problema do “mundo moderno” e justifica por quê. “Com certeza. Apesar de já haver desde sempre, o ritmo de vida atual de trabalho, estudos, cobranças, exacerbam o estresse, a concentração, a ansiedade, a dificuldade para dormir, que são situações que desencadeiam esse problema”, ela afirma.