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Mãe e filha unidas por amor e trabalho contra a Covid: “Fizemos um juramento! Vamos honrá-lo”

Laços de amor e sangue unem mãe e filha. Mas não só! Laços de trabalho também. As duas são da área de saúde e atuam lado a lado no enfrentamento ao novo coronavírus. Kélvia Emmanuela Lopes Guimarães Ferreira é enfermeira intensivista e emergencista e a mãe, Maria Aparecida Lopes da Silva é auxiliar de enfermagem. As duas trabalham juntas num ambulatório, na periferia de Maceió, onde compartilham os plantões, os riscos e o medo do vírus.  A mãe contraiu a doença, mas se recuperou e diz que se sente apta ao trabalho, que retomou nessa quarta, dia 27.

De poucas palavras, Maria Aparecida disse ao Eufemea que se sente muito bem em trabalhar com a filha, que gosta muito do que faz, mesmo diante dos riscos. Já a filha, fala sobre os sentimentos que se misturaram desde que a pandemia chegou a Alagoas.

“Fomos acometidos primeiramente por um pânico. Tivemos muito medo de lidar com o desconhecido, foi preciso buscar conhecimento e força pra lutar a guerra da saúde. Minha mãe trabalha na área desde antes de eu nascer. Hoje, tem 63 anos, faz parte do grupo de risco e optou, juntamente com muitos enfermeiros de todo o mundo, de continuar na linha de frente tentando salvar vidas”, conta Kélvia, que trabalha também no recém-inaugurado Hospital Metropolitano de Maceió.

Os dias são de aflição. “Todos os dias saímos de casa com medo de adoecer. E pior, trazer pra casa o vírus. Trabalhamos 12 horas por plantão, no ambulatório, e eu faço mais 24 horas na UTI do Hospital Metropolitano nos cuidados diretos aos pacientes com Covid-19 ou que ainda estão aguardando resultado do exame. Lá é onde me sinto com mais temor. Para nos proteger usamos os EPI’S fornecidos pelas instituições e por cuidado acabamos adquirindo mais alguns para reforçar a segurança”, relata Kélvia.

Estar lado a lado com a mãe no trabalho é motivo de força, ela diz.

“Ter minha mãe trabalhando comigo significa muita coisa. Foi vendo ela trabalhar cuidando das pessoas que me inspirou a ser o que sou hoje, e ver ela apesar da idade e estar na linha de frente do combate à pandemia me encorajou a lutar também”.

Ao ressaltar as conversas que mantêm. “Nunca imaginei que passaríamos por uma pandemia, já faz mais de 100 anos da última. Fomos pegos todos de surpresa. Sempre conversamos sobre o trabalho e as inovações de terapia e do tratamento, do manejo e dos cuidados que teremos de ter ao nos depararmos com um paciente acometido pela Covid-19”.

No início da profissão ela fala que foi mais complicado lidar com a relação mãe e filha no trabalho.

“A vida toda ela me direcionou, e achou um tanto estranho e até retrucou um pouco de ser direcionada e comandada. Mas com os anos, ela foi entendendo o meu papel de gerente de equipe de enfermagem e aceita e respeita minhas decisões. Sempre buscamos separar o profissional do pessoal. Em nenhum momento eu pensei em abandonar o trabalho, mas senti muita vontade de pedir para que ela o fizesse. Por fim, ela acabou por se contaminar e eu tive de lidar com um dilema de permanecer firme e forte no trabalho com a cabeça pensando em como ela reagiria ao vírus. Graças a Deus ela se recuperou e está retornando à linha de frente para lutarmos até o fim dessa pandemia. Quando eu era ainda criança ela me levava pra o trabalho e eu ficava assistindo ela trabalhar. Acredito que isso me inspirou a ser o que sou hoje”.

Formada há 11 anos, mesmo tempo em que atua na profissão, Kélvia diz que é casada, tem dois filhos. O marido também trabalha na saúde. “Optamos por deixar os meninos conosco, tomando as precauções possíveis e trabalhamos em horários opostos para poder revezar nos cuidados de casa e dos nossos filhos”, diz.

E traduz na seguinte fala o que é, para ela, ser enfermeira: “Ser enfermeira no Brasil sempre foi um desafio, muitas lutas pela valorização da classe de enfermagem, a eterna luta pelas 30 horas, piso salarial, o descanso digno, enfim. 2020 foi descrito como o ano da enfermagem pela OMS, e isso pareceu se encaixar perfeitamente com a triste notícia de que íamos passar por uma pandemia. Quero deixar uma mensagem especial para mães e filhas, irmãs. Que não desistam. Os pacientes precisam de nós e fizemos um juramento! Vamos honrá-lo. E todas as nossas guerreiras colegas de profissão que isso vai passar! Vamos vencer”.

Niviane Rodrigues

Niviane Rodrigues

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