Travesti, negra e da periferia. É assim que Cris de Madri, de 59 anos, se define. Filha de pais analfabetos, Cris precisou enfrentou inúmeros desafios na vida e foi alvo de transfobia em vários lugares, principalmente no ambiente de trabalho. Mas isso não a impediu de prosperar.
Cris é técnica de enfermagem e uma das fundadoras do movimento de Travesti e Transexuais de Maceió. “Fui a primeira travesti a coordenar a ONG Pró-Vida na capital”, disse.
Além disso, Madri foi a primeira travesti em Alagoas a presidir o Conselho Estadual de Direitos Humanos LGBT. “Atualmente trabalho em um posto de saúde no bairro do Benedito Bentes e sou pré-candidata a vereadora por Maceió”.
No Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia, Cris contou ao Eufemea que ainda recorda de dois momentos de Lgbtfobia que sofreu. Um deles foi quando a travesti fez uma prova para ser técnica em enfermagem em uma clínica psiquiátrica, passou na prova escrita, mas após a entrevista presencial, não ficou.
“Eu me apresentei no gênero feminino e ficaram tentando disfarçar que eu não era bem-vinda naquela clínica. Falaram que eu aguardasse que iam me chamar. Isso nunca aconteceu. Foi meu primeiro caso de Lgbtfobia”, comentou.
O segundo caso ocorreu também no ambiente de trabalho. O diretor de uma clínica descobriu que Cris era travesti e a demitiu. “Isso mesmo as enfermeiras apoiando e gostando da minha atuação na clínica”.
Diferentemente de outras travestis, Cris não quis mudar o nome. Optou, segundo ela, apenas pelo uso do nome social. “Sei que foi uma luta para todas, mas não tive interesse e não tenho problema em usar meu nome social”.
Mesmo com o preconceito, a travesti disse que hoje vê que 80% das pessoas a respeitam. Para ela, não cabe mais as pessoas terem preconceito e discriminação às pessoas. “Queremos respeito e aceitação”, finalizou.