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Casais de namorados passam a morar juntos durante o isolamento social e relatam lições

Foto: Miguel e Meline

Quando o isolamento social chegou, alguns casais optaram por uma nova maneira de viver: a de morar com a parceria para que juntos enfrentassem a pandemia um ao lado do outro. O Eufemea trouxe o relato de alguns casais de namorados que decidiram viver sob o mesmo teto durante esse período e que vão passar o primeiro dia 12 de junho de uma forma totalmente nova para o que eles tinham imaginado para a vida. Eles contaram também sobre as lições que estão aprendendo com a convivência. 

Juntos há 4 anos e meio, a advogada e jornalista Meline Lopes e o publicitário Miguel Reis não imaginavam que iam dividir um lar neste tempo de pandemia. Os pais de Miguel estão no grupo de risco e por causa disso, ele decidiu ficar o período de isolamento na casa de Meline.

Para Meline, a convivência diária com o namorado foi uma grata surpresa. “É um test drive já que pensamos em casar. Está sendo muito boa a experiência. Nos damos bem e quando discordamos, nos resolvemos”.

Apesar do tempo de namoro, a jornalista disse que está sentindo na pele o que é uma convivência a dois. “A vivência a dois mostra muita coisa. Cada um tem seu defeito, qualidade. Mas as coisas negativas que estou vendo no dia a dia, eu consigo lidar tranquilamente”.

Meline e Miguel não estão sozinhos no apartamento. Lá também moram a mãe dela e o filho Theo. “Praticamente estamos convivendo dentro do meu quarto. Temos pouco espaço para separar um do outro dentro de casa. Nós temos essa característica de cada um ter seu espaço”.

Para isso, os dois estabeleceram uma rotina: cada um trabalha em um canto da casa. Para o Dia dos Namorados, os dois não planejaram nada. “Como fazemos data de namoro perto do dia dos namorados, comemoramos antes”, disse.

O maior ensinamento para o casal é que ambos estão conseguindo respeitar os espaços individuais. “Respeitar o outro, e ter paciência e tolerância. O outro sempre é diferente, mas não significa que ser diferente é ser ruim”. Vivenciando juntos a pandemia, Meline e Miguel já confirmaram algo: que querem viver um ao lado do outro para sempre.
Ensinamento: paciência

Letícia lima 23 anos e Paola Pacheco, 20, estão juntas há 7 meses e optaram por dividir o mesmo teto antes da pandemia. Para elas, o momento atual está sendo de muita responsabilidade em ter cuidados e ficar em casa de isolamento. 

Elas moram sozinhas, o que facilita a intimidade. Segundo Letícia, as duas sempre foram companheiras e estão aproveitando o momento para o autoconhecimento. 

“Além disso também estão conhecendo mais ainda a outra e ficando mais unidas do que já somos”, contou ao Eufemea.

Sobre as dificuldades, Letícia disse que as duas conseguem resolver tranquilamente. “Quando aparece alguma dificuldade tentamos não absorver e sim procurar alguma solução”.

A data este ano não saiu conforme elas planejaram, mas elas reconhecem que a saúde precisa ser prioridade para as duas. “Planejamos viajar no dia dos namorados, mas com a pandemia não podemos”.

Para que o dia não perca a celebração, o casal vai comemorar na residência delas. “Vou fazer um jantar, vamos tomar um vinho”, disse Letícia.

O maior ensinamento da pandemia para as duas é sobre paciência. “Ser mais paciente uma com a outra, buscar compreender mais e se respeitar”, finalizou Letícia.

“O amor amadurece”

A psicóloga Adelayde França, de 25 anos e o empresário Márdano Henrique, 26, vão completar um ano de namoro, mas decidiram passar o isolamento social juntos. 

Segundo Adelayde, o casal nunca foi de brigar muito, mas cada um morava na sua residência. Com a convivência, eles precisaram lidar com as diferenças. 

“Com a convivência de início passamos a nos estranhar muito e não saber lidar, era novo aquilo. Tanto estar junto a todo tempo quanto as brigas”, disse Adelayde.

“Hoje em dia, discordamos em algumas situações mas sabemos lidar, nos damos muito bem e queremos estar juntos, isso ajuda”, explicou. Para a psicóloga, falar o que incomoda e que gosta, é importante para uma relação. 

Para celebrar o dia, os dois vão fazer um jantar e se curtir. “Acho que isso tem sido meio diferente para todos porque o sentido do dia dos namorados tem sido voltado para o material. Para quem faz mais ou dá mais, mas esse ano estamos realmente no real, de pessoa para pessoa. E isso é bom”.

A psicóloga reforça que o maior ensinamento para o casal é que eles estão aprendendo a respeitar o espaço e o momento do outro. 

“Quando você sai de uma rotina onde cada um está na sua casa separado, que tem aquele dia pra se ver e tudo gera uma ansiedade, aí você passa a ter a pessoa a todo tempo, e isso bem difícil acostumar que mesmo estando ali juntos, terão momentos que o outro precisa do seu espaço”, enfatizou.

“Convivência não é fácil, mas quando se respeita principalmente o espaço e se divide o espaço com um parceiro fica “fácil”. O amor amadurece”, finalizou.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.