Colabore com o Eufemea

“Vai ser difícil eleger mais mulheres por causa da pandemia”, diz cofundadora de ONG feminina

Lugar de mulher também é na política e a ONG #ElasNoPoder veio para mostrar isso. Karin Vervuurt, socióloga, mestre em ciência política e cofundadora do #ElasNoPoder conversou com o Eufemea e contou como a ONG foi criada, os principais desafios de ser mulher em um meio machista e disse que para as eleições 2020, o número de mulheres na política não deve crescer por causa da pandemia.

Karin, 28 anos, fazia mestrado em Brasília quando conheceu Letícia Madeiros. As duas decidiram abrir uma empresa de pesquisa para prospectar clientes em 2018. Entretanto, as duas jovens não imaginavam que iam encontrar pela frente uma área masculinizada e o machismo.

“Nós tivemos problemas porque tentávamos vender consultoria política e pesquisa para as candidaturas masculinas, e a gente não conseguia. Os homens olhavam para duas mulheres jovens e achavam que não daríamos conta”, contou Karin ao Eufemea.

Por causa disso, as duas passaram uma crise pessoal. “A gente também percebeu que não conseguia acessar as candidatas mulheres porque elas não tinham grana e não conseguiam pagar, nem acessar serviços melhores”, disse. 

Foi daí que as duas criaram a ONG #ElasNoPoder. “Acredito que a crise levou a gente a ficar criativa”. Ambas se dedicaram ao estudo e lançaram a ONG que começou dando certo. “A procura foi grande e isso animou a gente”, falou Karin. Ainda em 2018, elas chegaram a trabalhar na campanha da candidata Marina Silva. 

Mais mulheres na política

A ONG faz trabalhos em diversas áreas e tem o propósito de tornar as campanhas femininas mais competitivas, além de fazer com que as mulheres saiam vitoriosas. “Nós fazemos pesquisa sobre o perfil da mulher, produzimos materiais de treinamento para campanha eleitoral, criamos uma plataforma chamada impulsa e temos programas de mentorias”, explicou.

A co-fundadora Karin sabe que a participação da mulher ainda é pequena, mas é por isso que elas lutam para que esse cenário mude. “Nós somos um dos piores países com a participação feminina pequena”, disse.

Segundo Karin, a ONG não tem um viés ideológico, mas é preciso que as mulheres tenham pautas feministas. “A mulher precisa acreditar que representação é um problema, e acreditar que o espaço político é pertencente às mulheres”. Para ela, não há preocupação com o partido, já que elas têm participantes de todos os grupos. 

E em 2020? Mais mulheres na política?

Esse ano é de eleição. Mas segundo a socióloga Karin, com a chegada da pandemia será mais difícil eleger mais mulheres. “No começo do ano achava que a realidade seria outra, mas pelo visto não, infelizmente”, lamentou.

Na opinião de Karin, com as mulheres em casa, elas estão se dedicando aos filhos, ao lar, ao marido. O que acaba se tornando uma barreira. “Vai ser difícil eleger mais mulheres. O que a gente tem visto é que as mulheres estão desistindo bastante porque está difícil conciliar campanha eleitoral que demanda tempo e dinheiro com a família”.

A realidade, de acordo com ela, é que não vai aumentar a representação da mulher na política. “Esse ano ainda não. Mas lá pra frente pode ser que a gente consiga engrenar a representação”.

Por fim, a co-fundadora pediu que as mulheres procurassem o #ElasNoPoder e que entrem na política. “Estudem, estruturem a campanha, busquem o Elas e saiam bem preparadas”, aconselhou.

Conheça mais da ONG aqui

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.