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Mulheres podem denunciar agressor em farmácias; 96 estabelecimentos em AL estão aptos

Já imaginou denunciar o agressor numa farmácia? Agora, as vítimas de violência doméstica ganham essa opção. É que uma campanha do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) pretende incentivar que as vítimas denunciem. Intitulada como Sinal Vermelho, a campanha foi lançada hoje (10) em todo país.

Segundo o presidente do Conselho Regional de Farmácia de Alagoas, Robert Nicácio, em Alagoas, 96 estabelecimentos conveniados à Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) participarão em um primeiro momento, mas o objetivo é contemplar os cerca de 1.600 estabelecimentos do estado.

“A maioria dos estabelecimentos conveniados à Abrafarma são de grande porte, então já vai haver um grande alcance para a campanha, mas vamos fazer o máximo para contemplar também as chamadas ‘farmácias de bairro’, que são a maioria no estado”, afirmou Robert Nicácio, ressaltando que o contato com esses estabelecimentos já está sendo feito.

As mulheres que sofrem algum tipo de violência podem se apresentar com um “X” escrito de batom ou outro material na palma da mão. O farmacêutico ou atendente as conduzirá a uma sala reservada, discará 190 e chamará a Polícia Militar. Caso a vítima sinta necessidade de deixar o local, o profissional da farmácia anotará o nome completo dela, endereço e telefone.

Violência na pandemia

Segundo a presidente da AMB, Renata Gil, a campanha surgiu por conta do aumento da violência doméstica durante a pandemia. “Os casos aumentaram quase 50% em todo o país. Precisamos ajudar essas mulheres que ficam confinadas em suas residências com os seus agressores”, destacou a magistrada, ressaltando que as farmácias foram escolhidas por serem ambientes “conhecidos e neutros”. 

Ela explicou ainda que os farmacêuticos e atendentes não têm responsabilidade de figurar como testemunhas da ocorrência. “Eles são apenas comunicantes. As farmácias passam a ser agentes na comunicação contra a violência doméstica”, reforçou.

Na avaliação da conselheira Maria Cristiana Ziouva, as mulheres nunca estiveram tão vulneráveis como agora. “O isolamento social imposto tem aumentado os episódios de violência em todas as suas formas, não só no Brasil, mas no mundo inteiro”.

Ainda de acordo com a representante do CNJ, as farmácias participantes poderão ser identificadas por um cartaz afixado na parte externa do estabelecimento. “Essa é uma campanha de caráter comunitário e de solidariedade. Para a diminuição dessa estatística tão dramática e triste, dois gestos são necessários: para a vítima, mostrar um X na mão, e para a farmácia, fazer uma ligação”.

O corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, participou do lançamento da campanha. Segundo ele, o combate à violência doméstica é um tema importante, que não pode ser deixado de lado. “A violência tem retirado a liberdade, a voz, a dignidade e a vida de muitas mulheres no Brasil. Devemos nos unir pela causa da mulher”.

*com informações da Ascom TJ/AL

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.