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Buscas por divórcios aumentam, e advogada prevê “boom” de separação depois da pandemia

O período de isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus trouxe a alguns casais uma outro problema: o divórcio. Pesquisas comprovam que os casais estão se divorciando mais nesse período. De acordo com um levantamento do Google para Pais&Filhos, em março o site de buscas registrou aumento de 82% na pergunta “como dar entrada no divórcio?” 

Outro dado que chama atenção é que, em abril, houve um salto de 9.900% no interesse de buscas pelo termo “divórcio online gratuito”. Um fato curioso sobre isso é que as pesquisas também apontam que as mulheres estão pedindo mais o divórcio do que os homens.

Para a advogada especialista em direito da família Bárbara Ribeiro, esse aumento no número de divórcios ocorre pela convivência estar intensificada no período da quarentena. “Aqueles casais que já estavam com problemas no relacionamento, que já não estavam bem, todos esses problemas foram aflorados e a convivência cada vez mais difícil”, explicou.

Bárbara disse que muitas mulheres ainda mantêm casamentos mesmo estando infelizes e são dependentes financeiramente do marido. “Infelizmente as mulheres ainda ganham menos que os homens, e na maioria dos casos a mulher, ainda que trabalhe, tem a menor remuneração da casa e isso pesa muito na hora do divórcio”, comentou.

A baixa autoestima também é um motivo para que as mulheres fiquem “presas” ao relacionamento. “As mulheres não conseguem perceber que sofrem pressão psicológica para um padrão de comportamento, de corpo, então acabam achando que se sair daquele relacionamento não vão conseguir outro. E isso também envolve a dependência emocional daquela pessoa, muitas vezes por ter uma dependência econômica por ter a sensação de inferioridade, acabam tendo também desenvolvendo uma dependência emocional.

E por fim os filhos, pensam na criança e educação da criança/adolescente naquele padrão de vida, na sociedade ainda, também”.

Segundo a advogada, o número de divórcios deve aumentar ainda mais depois da quarentena. Para ela, será um verdadeiro “boom de divórcios”. “Ainda tem a influência financeira que muitas mulheres ficaram com medo por causa da pandemia, então quando passar a pandemia, provavelmente, as mulheres vão organizar a parte financeira e o divórcio vai acontecer”.

A pandemia, de acordo com a advogada, trouxe duas vertentes para gerar esse aumento no número de divórcios: a primeira que se trata das pessoas que estavam no casamento infelizes e as que são impulsivas. “As pessoas impulsivas procuram um advogado por causa do momento de raiva, mas na outra semana a raiva passa e não querem continuar continuar com o processo”.

Divórcio online

A pandemia também trouxe uma novidade para os que pretendem se divorciar: o divórcio extrajudicial de forma virtual. “Isso é muito recente. Mas não considero que agora seja a melhor época para se divorciar. Só se for o caso daquelas pessoas que já estão preparadas e que estavam organizadas”.

Bárbara disse que não acredita que seja o melhor momento para divorciar-se por causa da questão financeira, do arrependimento. “Não estamos falando nos casos de violência doméstica, que é outro índice que infelizmente aumentou na pandemia, e nem daqueles que já se organizaram para isso, mas no caso das pessoas mais impulsivas”, esclareceu.

“A pandemia não é o momento ideal. Está tudo aflorado. Mas se a convivência estiver muito insuportável, aí nós fazemos o divórcio e podemos resolver as outras pendências depois”, e completou dizendo: “temos a opção também de um acordo temporário, mês passado fiz um nesses termos, enquanto durar a pandemia o ex marido vai arcar com o plano de saúde da ex mulher por exemplo, para ela não ficar desassistida nesse período, são opções também para contornar as possibilidades de arrependimento, para viabilizar um acordo mais real e palpável”.

Bárbara enfatizou que antes de tomar uma decisão é fundamental que a pessoa procure um advogado especialista para uma orientação.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.