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Contra venda de votos, pré-candidatas de vários estados do país lançam mobilização virtual

Preocupada com a venda de votos nas eleições municipais deste ano, a alagoana e pré-candidata a vereadora de Maceió, Maria Tavares decidiu que queria fazer algo diferente para conscientizar os eleitores. Com isso, ela reuniu pré-candidatas de várias partes do Brasil, para que juntas lançassem um movimento virtual nacional que está marcado para acontecer nesta sexta-feira (24).

A mobilização virtual, segundo Maria, é em prol da conscientização para que eleitores não vendam seus votos nas eleições.

Maria Tavares. Foto: Gustavo Sarmento

Segundo ela, cientes que de a crise socioeconômica pós-pandemia inevitavelmente irá conduzir as eleições para este caminho, de forma apartidária, elas resolveram confeccionar um material padrão onde deixam expresso o manifesto contra essa prática no Brasil. 

“A mobilização conta com pré candidatas de 9 estados até esta tarde e teve iniciativa por Alagoas. Sempre gosto de fazer movimentações e surgiu a ideia. Realmente estou muito preocupada com a venda de votos esse ano e aí eu pensei em juntar essas mulheres para que publicássemos de forma conjunta, no mesmo horário, uma imagem chamando a atenção para que os votos não sejam vendidos”, reforçou Maria.

A mobilização só acontece amanhã, às 18h, mas já conta com cerca de 40 mulheres e reúne mulheres de São Paulo, Pernambuco, Pará, Amazonas, Sergipe, Santa Catarina e Alagoas. “Amanhã vamos fazer a publicação com um manifesto para reforçar que a população não faça o mesmo de sempre e que não venda o voto, vá para urna votar consciente. Essa foi a maneira que pensamos em impactar neste tempo de pandemia”, comentou Maria.

Voto não acaba no dia da eleição

Angela Quintanilha, pré-candidata do Novo em São Paulo, também vai participar da mobilização virtual. Ela enfatizou que “sustentabilidade não é só uma questão ambiental” e que tem a ver com melhorar a qualidade de vida das pessoas, e isto está conectado a uma representatividade perante o Estado. 

Conforme disse ao Eufema, “o voto é o meio mais legítimo de nos sentir representados, mas não acaba no dia da eleição”.

“Exige fiscalização constante do nosso eleito até o final do seu mandato. É que nem dar uma procuração com determinados poderes para alguém agir em seu nome…imagina se v. faz a procuração e a pessoa tira o dinheiro da sua conta bancária em benefício próprio. Eu não aceitaria de jeito nenhum. Portanto, vamos votar com convicção e acompanhar”, enfatizou.

Prática é ilegal e acontece constantemente

Lá de Minas Gerais, a pré-candidata à vice-prefeita de Conselheiro Lafaiete, Elisa Lopes disse que recebeu o convite da Maria Tavares e que topou por perceber que a prática de venda de voto, além de ser proibida, acontece de forma bem mais frequente nas cidades do interior.

“Vejo que isso acontece de forma disfarçada, velada. Além disso ser errado, ilegal, vejo que as pessoas são enganadas achando que aquele benefício que ela recebe naquele momento é bom pra ela e positivo”, disse.

Para Elisa, a compra de votos é um benefício que acaba custando caro. “Um político que compra voto fica quatro anos roubando e sem fazer as políticas públicas necessárias. E a pessoa não acaba nem tendo o direito de cobrar já que ela trocou voto por utensílio ou comida, e desconhece seus direitos”.

Venda de voto é tradição e custa caro

A pré-candidata acredita que a venda de votos custa caro para todos. “Uma pessoa que elege um político corrupto acaba afetando a sociedade. Foi por isso que topei participar da campanha”.

Em Natal, a pré-candidata a vereadora pelo mandato coletivo Divergente 5 pelo PDT, Andreia Souza, disse que uma das principais bandeiras – antes mesmo de ser pré-candidata – é fazer um trabalho de conscientização das pessoas.

“Da necessidade de ter um voto correto, de ter representantes que vão lutar pelos cidadãos comuns e invisíveis. A modalidade de voto comprado é uma tradição e esse pagamento de R$ 20, 30, 50, acaba se tornando por quatro anos”, explicou.

Segundo Andreia, a dívida que se cria se dá pelo voto de barganha. “Nosso trabalho como cidadã é que a gente conscientize as pessoas e demonstre a real necessidade da gente ter um voto limpo, de pessoas que não queiram comprar”.

Andreia disse que diante do cenário é essencial que se faça esse trabalho já que muitos políticos vão se aproveitar da necessidade das pessoas. “Da vulnerabilidade, sabe? E vão querer comprar por mais barato ainda. Então precisamos fazer parte da solução porque todos nós vamos arcar com o problema”.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.