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Mulheres aproveitam o isolamento para retomar projetos, se reinventar, cuidar do corpo e da mente

Que a pandemia de Covid-19 trouxe ao planeta muitas angústias e incertezas não há dúvida. Mas ela trouxe também razões para repensar as práticas humanas e despertou em muitos a vontade de mudar, de reconstruir, ressurgir, ressignificar. De retomar projetos, sonhos que haviam sido adiados ou de tocar algo que o momento aguçou. Um livro, uma ação social, uma prática esportiva, um novo hábito. Nem tudo está sendo dor e sofrimento. Tem muita gente dando lições de vida. 

O Eufemea traz histórias de três mulheres que durante o isolamento social buscaram inspiração e estão tocando projetos que haviam deixado para trás.    

Jornalista e escritora, Vanessa Alencar fala de sua paixão pela dança, que na pandemia ela voltou a praticar. Não só. No isolamento social ela se reencontrou com a escrita e está prestes a lançar o quinto livro. 

“Sempre fui apaixonada por dança e, desde criança, na escola, quando tinha que optar por uma atividade física, era a que escolhia. Fiz ginástica rítmica e até balé, mas minha preferida é a dança solta mesmo, de ritmos variados. Nunca foi profissional e, apesar de ser a forma que realmente gosto de ‘me mexer’, não dançava há alguns anos”, ela conta. 

“Reencontrei durante o isolamento o prazer e a alegria de dançar. Percebi que precisava me movimentar de alguma forma e também espairecer, extravasar a tensão, então procurei umas aulas on-line de ritmos variados e me identifiquei com as aulas de um professor que tem gravado vídeos especialmente pra quem está em casa, na quarentena. Comecei a fazer pelo menos três vezes por semana, o que melhorou muito meu humor e até meu sono (que estava bem irregular)”, diz Vanessa. 

Ela descreve o que a dança significa em sua vida e os planos futuros. “A dança é a minha atividade física favorita e só percebi o quanto ela me fez falta quando a reencontrei. No pós-isolamento, além de continuar dançando, quero começar a fazer musculação também”. 

Quando ao livro, prestes a ser lançado, Vanessa conta como foi a retomada.  

“Na verdade eu voltei a escrever em 2019, contos curtos que compartilho no Instagram (vanessa_alencar), mas no isolamento a inspiração, e consequentemente a produção, aumentaram muito, talvez por eu ter mais tempo comigo mesma, mais tempo pra pensar e mais emoções pra colocar pra fora”, diz Vanessa. 

A jornalista conta ainda que “assim como ocorreu com a dança, a necessidade de extravasar a tensão e a angústia me motivou a escrever mais. Dançar e escrever são as minhas formas de manter a sanidade do corpo, da mente e do coração, principalmente nesse longo período de isolamento”. 

“Não voltei a escrever pensando necessariamente em lançar um novo livro – o quinto, pois tenho quatro publicados, dois de poesias e dois de contos -, mas os contos curtos, que são quase poesias sem métrica, foram surgindo e algumas pessoas começaram a sugerir que eu reunisse todos eles em um livro. Gostei da ideia. Se acontecer, esse livro será um “presente da quarentena” pra mim”, ela afirma. 

Segundo a jornalista, “embora sejam todos escritos na terceira pessoa, os contos se dividem em autobiográficos e ficcionais, mas o foco de todos é a paixão, o amor. O amor romântico, o amor pela profissão, pelo cinema… O livro terá desde a história do casal que se apaixonou “pela janela” durante o isolamento até o “causo” da jornalista que foi consolada por uma prostituta durante uma matéria”. 

Vanessa revela que “o livro ainda não tem data para ser lançado, nem título (aceito sugestões!). Tenho quatro livros publicados. O primeiro lancei aos 16 anos, e o mais recente, em 2007… Ou seja, já passou da hora de um novo, né?”. 

Yoga  e controle da ansiedade 

Foi no yoga que a jornalista Natália Souza encontrou o caminho para cuidar do corpo e da mente nesse período de confinamento.   

“Eu sempre achei que a prática de yoga poderia me ajudar com a pouca flexibilidade que eu tenho, então faz anos que eu vinha pensando nessa atividade, mas nunca tinha dado o pontapé inicial, sempre empurrava com a barriga”, ela conta.  

Durante a pandemia, diz Natália, veio o estresse da incerteza causada pelo vírus, muitas mudanças na minha vida, comecei a trabalhar em home office, então a yoga além de ajudar no quesito físico, também poderia me fazer bem mentalmente”.  

Natália Souza voltou e o yoga: “Vinha pensando nessa atividade, mas nunca tinha dado o pontapé inicial, sempre empurrava com a barriga”
“Mas foi só quando eu perdi o meu avô, que comecei realmente a praticar yoga. Tem me ajudado bastante a controlar a ansiedade e a me conectar comigo mesma. Venho me fortalecendo físico e mentalmente”, relata a jornalista.  

Para praticar o yoga, ela diz que conta com o auxílio de ferramentas digitais nesse período de isolamento social, mas faz planos para o futuro. “Uso apps e vídeos no YouTube de instrutores, mas quando a quarentena passar quero fazer aulas presenciais também”. 

Livros e vídeos: atividade prazerosa 

Maria Fábia Moraes da Assumpção é jornalista e assessora de Comunicação do Ministério Público do Estado de Rondônia. Ela também conversou com o Eufemea, a quem falou sobre o novo hábito de gravar vídeos na rede social para falar sobre livros. 

“Sempre gostei muito de postar fotos de livros que li ou estou lendo nas minhas redes sociais, como Instagram e Facebook, como forma de dar dicas às pessoas sobre minhas experiências de leitura.  Durante esse período de pandemia, postei nas minhas redes sociais um vídeo de minha filha, feito para a escola, no qual ela falava sobre o que achou da leitura do livro Dom Quixte, por Marina Colasanti. Percebi que os amigos que me seguem gostaram do vídeo, mas Alice não topou fazer outros (risos). Daí, pensei: porque eu não faço meus próprios vídeos falando dos livros que gosto de ler? Fiz um primeiro vídeo e vi que os amigos que me seguem, em especial no Instagram, curtiram e fizeram comentários positivos sobre a iniciativa”, revela Fábia. 

Fábia Assumpção conta com a ajuda da filha Maria Alice, de 9 anos, para gravar vídeos e falar sobre livros: “Uma forma de sair da minha rotina de trabalho remoto”

O que era apenas uma ideia, ela diz, virou algo prazeroso.

“A experiência se transformou, então, numa atividade prazerosa, uma forma de sair da minha rotina de trabalho remoto, com prazos a cumprir e muitas reuniões virtuais, além de ter que conciliar com minhas obrigações domésticas (aulas da filha online, faxina, lavar pratos rsrs)”, diz Fábia. 

Com a ajuda da filha, ela faz as gravações. “Os textos são todos improvisados. Não produzo nenhum texto, falo na hora o que me vem da cabeça sobre os livros que ofereço como sugestão de leitura. Os vídeos são gravados pela minha filha Maria Alice, de 9 anos, que reclama um pouco dos horários que chamo ela para filmar (risos), mas tem gravado direitinho. Tudo no improviso aqui na sala de brinquedos dela (ou da bagunça melhor dizendo) onde montei um home office improvisado”. 

“Minhas redes sociais não têm grande número de seguidores, a maioria são amigos de trabalho ou pessoas da família, mas o engajamento a esses vídeos de dicas de leitura tem sido muito bom. Como não utilizo o chamado “patrocinado” e temos os algoritmos das redes sociais que limitam o acesso àquelas pessoas que mais interagem com você, acho que a receptividade tem sido bem acima do esperado, uma média de 100 pessoas têm visualizados os vídeos, curtem e algumas comentam sobre os posts”, ela conta. 

Ao afirmar: “Como não sou blogueira famosa, nem tenho pretensões disso, estou muito satisfeita. Fiquei ainda mais feliz quando vi meu cunhado fazer um post da compra de um livro que eu tinha indicado. Para mim não importa quantidade, mas que a mensagem seja positiva e ajude as pessoas que enfrentam a solidão e as dificuldades de lidar com o isolamento social vejam como ler um bom livro pode ser uma boa companhia. Aliás, é hora de aproveitar esse tempo de isolamento para fazer coisas que deem prazer, ler um livro, fazer um artesanato, até organizar a casa, aproveitar o tempo “ocioso” da melhor forma possível”. 

“Não sei se após retornar a rotina de trabalho presencial, terei esse tempo para gravar os vídeos. Mas quem sabe, futuramente, quando me aposentar, possa trilhar o caminho de lançar um blog ou algo semelhante nessa área de literatura”, diz. 

Fábia conclui ao dizer que “nesses tempos de pandemia e até de tanta intolerância, nada melhor que um livro para abrir mentes e corações. Como diz o mestre Mário Quintana ‘Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas’”. 

Niviane Rodrigues

Niviane Rodrigues

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