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Mulheres contam como tiveram de adaptar trabalho ao mundo virtual: “Não existe idade”

A pandemia de Covid-19, que levou ao isolamento social, alterou não apenas rotinas, mas as formas e dinâmica de trabalho. Não foi somente o home office a entrar na vida dos profissionais e a impor mudanças no cotidiano, mas as tecnologias, o universo digital, para muitos até então distante. Mudar de uma hora para outra o trabalho que se fazia presencial e entrar ‘de cara’ no mundo virtual não foi tarefa das mais fáceis para quem nunca havia lidado com as ferramentas digitais. Um desafio e tanto.  

O Eufemea conversou com duas profissionais que contaram sobre as novas rotinas frente a tecnologias que elas até então não utilizavam, mas precisaram se adaptar. 

Rozeilda Lopes, 59 anos, é consultora empresarial (RH, Marketing e Empreendedorismo). Mãe e avó, ela fala de sua trajetória profissional e das mudanças trazidas com a pandemia.  

“Conquistei meu primeiro emprego formal (CLT) quando eu tinha 16 anos. Fui bancária por oito anos e, aos 24, recebi o primeiro convite de transferência profissional, de Caruaru, em Pernambuco, para Penedo (AL), para gerenciar o Banorte. Em 1987, fui convidada para exercer a gestão da Credicard/Redecard onde atuei por 15 maravilhosos anos, nos estados de Alagoas, Sergipe, Ceará, Bahia e Pernambuco. Empresas multinacionais, com tecnologia e modelo de gestão sempre inovadores que tive o privilégio de ter como escola. Em seguida, iniciei minha carreira ‘solo’ como empresária, professora e consultora empresarial”, conta Rozeilda.    

Ela diz que antes da pandemia o trabalho era desenvolvido de forma presencial. “Visitando as empresas para realizar consultorias e fazendo cursos e palestras na capital e interior de Alagoas”. 

Rozeilda Lopes, do presencial ao virtual: “A mudança faz parte da minha trajetória”

A chegada da pandemia, diz Rozeilda, trouxe a “suspensão de contratos com os clientes…uma grande interrogação… a necessidade de replanejar”. E aí foram necessárias mudanças.  

“Na impossibilidade de realizar as consultorias da forma tradicional (presencial), procurei adaptar o material que tinha, em especial na área de marketing com foco em vendas. Refiz a formatação da consultoria com tanto carinho, pensando na ajuda que poderia dar ao empresário num momento tão singular, que o material desenvolvido, e já aplicado por diversas vezes, tem se mostrado de grande utilidade prática na gestão das empresas. Receber esse depoimento dos clientes, não tem preço”, ela afirma. 

“Jornada ficou muito intensa” 

A profissional conta que não foi tão difícil para ela mudar. E explica por que. “A mudança faz parte da minha trajetória de vida: Já morei em oito cidades e em cinco estados diferentes. Porém, em todas as situações havia um planejamento e opção de escolha. O momento atual não ‘pediu licença’ e nem foi exclusivo para o meu núcleo familiar. Claro que tive que me adaptar como profissional e dona de casa também. A jornada ficou muito mais intensa”.   

Rozeilda conta ainda que sua última visita a empresa/cliente aconteceu no dia 9 de março.  

“O trabalho de consultoria empresarial pede geração de relatórios e estes, normalmente, já eram desenvolvidos em home office. Tive ajuda dos ‘universitários’ para aprender a usar algumas plataformas de mercado para fazer a interação com os clientes e compartilhar material”.  

A profissional revela que ainda sente dificuldades, mas toca o trabalho em frente. “Senti e ainda sinto. Mas, a ajuda sempre vem da filha, genro, amigos… Criei até um grupo de consultores onde nos reunimos virtualmente para compartilhar nossa experiência e nos ajudamos mutuamente”. 

Mas ela reconhece o lado bom da história ao dizer que as ferramentas digitais otimizam o trabalho.  

“Ajudam bastante a mim e ao cliente também. Otimizam nosso tempo e diminuem os custos sensivelmente. Obviamente que, em algumas situações, a visita presencial será necessária. Acredito que pós-pandemia possa trabalhar de forma híbrida: parte online e parte presencial. O que aprendi serve para dar continuidade ao meu trabalho, contudo, a necessidade de atualização é constante”. 

E transmite uma mensagem para quem pensa em investir em cursos, em atualização e acha que já passou do tempo. 

“Para quem deseja se manter no mercado profissional é imprescindível buscar conhecimento digital. O cliente espera essa expertise do profissional. A pandemia de Covid-19 só abreviou o futuro. E, como essa mudança na forma de interagir com o cliente (via remota), vem a necessidade de exercitar outras habilidades, como por exemplo: objetividade, bons conteúdos, presença digital interessante, busca de parcerias. Ou seja, um aprendizado praticado ‘puxa’ outra necessidade que poderá já estar presente (ou não) no nosso comportamento. A busca por novos conhecimentos é uma constante”. 

“Quero aprender mais, fazer cursos” 

Madalena Freitas, é formada em Psicologia, e tem 20 anos de atuação. Casada e mãe de um filho, ela trabalha com a abordagem de atendimento cognitivo-comportamental, com adultos. Ela conta que realizou e continua fazendo diversos cursos, especializações na área, “sempre no sentido de ajustar essa abordagem com as necessidades do paciente”, revela, ao afirmar que é uma pessoa alegre.  

“Gosto de viver saudável, tenho algumas preferências e uma delas é uma boa leitura. Para mim, como psicóloga, preciso estudar muito e ler bastante. Acredito que um bom repertório faz diferença nos atendimentos, e como faz! Meu trabalho sempre foi pautado em muitas responsabilidades e ética”, ela ressalta. 

Psicóloga Madalena Freitas passou a fazer consultas virtuais: “É só a gente se disponibilizar a aprender”

A psicóloga conta ainda que sempre trabalhou de forma presencial e com a chegada da pandemia a situação mudou.  

“Tive também, como os meus pacientes, de me reinventar no atendimento em casa, principalmente. Precisei encontrar um local de privacidade e uma boa internet, porque em casa, com a família, é bem complicado. Tentei harmonizar para dar uma ideia de que estaria realmente no consultório e quando o paciente estivesse sendo atendido ele percebesse que estava existindo isso”, revela Madalena. 

A psicóloga diz que alguns pacientes presenciais “não fizeram uma boa adesão e eu, como profissional, procurei acolher e entender cada um. Sei que privacidade, o barulho em casa, é muito difícil para as pessoas. Às vezes não tem um equipamento, um computador legal, é um para todo mundo, nesse momento que estão todos em casa. Então, eu entendi essa necessidade de eles darem uma parada por conta disso”. 

Porém, ressalta Madalena, “eles não imaginavam que essa pandemia, essa situação iria demorar tanto. Aí ao longo do tempo, voltaram a me procurar informando que não estavam dando conta em lidar com as suas emoções e os sofrimentos diante disso, porque já tinham surgido outros. Então retomaram a terapia e a gente começou a trabalhar as dificuldades, como também chegaram outras pessoas, através de indicação ou mesmo de divulgação que faço na minha página do Instagram”.  

Quanto ao atendimento on-line, ela diz se sentir hoje muito segura em afirmar que “não deixa nada a desejar. Trabalhamos todas as técnicas, sem problema nenhum. Não tive nenhuma observação negativa dos pacientes. Ao contrário. Todos eles estão até gostando mais, além da segurança, de não ter que sair de casa, estacionar em qualquer lugar”. 

A única dificuldade, ressalta a psicóloga, “é a gente não conseguir fazer uma leitura corporal do paciente, não vê a reação do paciente”, destaca. E como orientação, Madalena deixa uma reflexão. 

“Para que todos que gostarem de fazer a psicologia, de trabalhar como psicólogos e estão ainda inseguros de saber como vão fazer, como os pacientes  vão chegar, que se movimentem, saiam de onde estão, tentem, estudem, vão para a ação, porque foi assim que eu fiz, coloquei em prática tudo o que eu já sabia fazer, só que em um outro formato, o on-line, dentro dessa perspectiva, numa plataforma, aprendendo a lidar com os equipamentos, os aplicativos, entre outras questões”. 

E o que era um desafio, virou algo prazeroso para a psicóloga. “Hoje eu já percebo uma relação harmoniosa comigo e com a tecnologia de uma forma geral. E os bons frutos estão chegando aos pouquinhos. Estudar, fazer cursos sempre foi uma rotina para mim e agora, mais do que nunca, nessa época eu não imaginei que pudesse ler mais e estudar mais e me encantei com esse mundo digital”.

“Quero aprender mais, fazer cursos, saber como é que mexe nos aplicativos, ter um conhecimento mais amplo para não estar dependendo de outras pessoas. Não existe idade para isso. É só querer e enfrentar. Qualquer um de nós pode fazer. É só a gente se disponibilizar a aprender. Enquanto a gente estiver com um bom cognitivo, a nossa mente está aberta para novos saberes”. 
Niviane Rodrigues

Niviane Rodrigues

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