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Apaixonada por literatura, pernambucana fala sobre descoberta da escrita e produção durante a pandemia

Ela é pernambucana, mas pode-se dizer que é alagoana de coração, já que mora em Maceió desde os dois anos de idade. Apesar de estar finalizando o curso de Zootecnia no Centro de Engenharias e Ciências Agrárias (CECA) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é apaixonada por literatura. Na segunda parte da matéria de hoje, o Eufêmea traz a história da escritora Ana Iris, de 26 anos.

Segundo Ana, o contato com a leitura e escrita literária é recente e começou em 2016. “Embora eu já escrevesse desde a pré-adolescência, não sabia que estava fazendo literatura e as implicações de expressar dentro de um gênero o que pensava. Esse gênero, sem saber, sempre foi a poesia”.

Ela diz que nunca escreveu em crônica ou contos, somente duma forma muito comum aos diários. 

“O que já ocorreu com outras escritoras, a Plaht, Carolina, Dickinson, Woolf; essa emersão livre do diário que surge na fusão entre amores externos (a escrita, a botânica, os filhos) e suas biografias, quanto suas impressões triunfais e olhares sobre o mundo ao redor de suas vidas. E comigo foi bastante parecido esse processo de conseguir “juntar” a minha paixão pela ciência vegetal e animal com as aspirações poéticas”, contou.

Ser mulher no meio literário
Ana acredita que sempre há impressões e olhares que despreza o envolvimento mútuo da mulher e ela entende esse pensamento por ser algo hierárquico machista. “Nesse pensamento, a mulher segue à risca a imagem submissa e a reprodução, onde, algo fora desse quadrado foge das expectativas”.

Após muito tempo, a escritora começou a publicar as poesias em um blog. E do blog surgiu um livro de poemas. “Este blog deu fruto ao Cavia Porcellus, uma compilação de poemas dos meus últimos anos juntamente com alguns inéditos para a submissão da obra ao edital da Imprensa Oficial Graciliano Ramos. O livro é composto por 28 poemas no total, tendo alguns sido publicados em revistas literárias”, falou.

Ana explicou que Cavia porcellus é um nome científico do conhecido porquinho da índia, que primeiro intitulou um poema que tenta trilhar a trajetória da mulher dentro da sociedade e como essa mulher sempre termina sendo um produto comercial comum (leite corte ou lã), ele vai citar a subordinação feminina como uma forma de  domesticação e como essa mulher no fim morre por essa sequência de deterioração da sua imagem.

Produção na quarentena

Para a escritora, “todos nós contraímos a covid-19”. “Digo isso no sentido de como esse episódio nos pegou de forma tão brusca e violenta”, explica.

Ela disse que a covid “afetou nosso corpo físico, nossos planos, nossas manias, nossas idas e vindas que fazem parte da vida. E ainda, uma chuva de horrores presidenciais lá fora. Por isso, ainda estamos um pouco desamparados, ainda formulando uma forma de pensar e ordenar as ideias neste presente incerto”.

Com a paralisação das universidades em combate a disseminação da COVID-19, ler e escrever se tornou mais frequente nos dias de Ana. “No momento, estou fuçando escritos perdidos pelos cadernos, planejando, vendo o que poderá ser outro livro, revisando, revisitando momentos, bem dizendo. Ah! e vendendo Cavia Porcellus”, falou.

Por fim, ela também ressaltou que durante a quarentena teve a oportunidade de poder falar sobre assuntos pertinentes quanto a presença da mulher negra em diversos espaços. “Esse fenômeno está sendo geral, acredito.  Essa “aglomeração” de lives e conversações”.

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Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.