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As Marias que venceram o câncer: mulheres relatam desafios, lutas e ensinamentos

Elas são mulheres e guerreiras. As duas moram em Maceió, não se conhecem, mas passaram pelo mesmo problema de forma individual: o câncer. Apesar dos momentos difíceis vivenciados, elas já podem comemorar. Afinal, venceram a doença e reconstruíram a vida com amor e perseverança.

A motorista de ônibus Maria de Fátima, de 50 anos, descobriu que tinha câncer de mama em 2012. Maria disse que sempre foi uma pessoa que fazia exames de rotina e que em 2011, chegou a fazer uma ultrassom da mama e questionou a médica por qual motivo ela não solicitou uma mamografia.

“Ela disse que não seria necessário, pois no exame de toque e na ultrassom não constavam nada de anormal e eu tinha realizado em 2010. Diante disso, fiquei feliz pelos resultados e segui minha vida pessoal e profissional”, disse ao Eufemea.

O que Maria não esperava era que, provavelmente, o câncer já estaria nela. Segundo ela, foi dentro de um coletivo que Deus mostrou para Maria que algo não estava normal com a saúde dela.

“Em janeiro de 2012, voltando do trabalho para casa em um ônibus coletivo intensamente cheio, por volta das 20h, o Senhor meu Deus enviou um alerta”, afirmou.

“Nesse ônibus, eu estava em pé e um senhor bateu bruscamente na minha mama do lado direito. Nesse momento, a dor foi tão forte que chorei, pensei em xingar o senhor de tudo, mas não tive força em palavras e não falei nada. Logo eu que sou uma pessoa de personalidade forte”, justificou a motorista.

Foi ao chegar em casa que a Maria percebeu que a mama estava roxa. “Relatei para minha filha o ocorrido e pedi para ela pegar gelo para colocar em cima. Repeti o gelo por alguns dias até sair a mancha roxa. Tudo ficou aparentemente normal. Só que um mês depois dessa pancada na mama direita, eu estava sentada no sofá e comecei apalpar as mamas. E aí veio uma preocupação, senti um nódulo”.

Ao fazer isso, Maria tinha certeza: estava com câncer. O consolo veio da filha. “Ela me acalmava dizia que tudo daria certo e que não era um câncer”.

Um dia depois do Dia das Mães, Maria recebeu o resultado. “Eu tinha sonhado que estava com câncer e que ficaria sem mama”. A situação não foi fácil para ela. “Gritei, chorei e perguntei vou ficar careca quando a médica conversou comigo. Nesse momento, estava desesperada e sofrendo muito, mas eu tinha certeza que Deus estava comigo”.

A maratona de tratamentos começou. O cabelo caiu, os enjoos por causa da quimioterapia eram frequentes e foi preciso fazer a mastectomia total e a reconstrução da mama. “Passei por outra cirurgia, no dia 03 de outubro de 2013, essa foi para completar a reconstrução da mama com o mamilo e aréola. Tudo ocorreu bem”.

Hoje, Maria está curada, mas os cuidados continuam. “Posso dizer que sou mais uma guerreira que lutou e venceu o câncer. Faço meu acompanhamento médico com a oncologista anual e semestral com a mastologista”.

Sobre os ensinamentos que Maria aprendeu durante o período da doença, a motorista garante que soube amar mais a vida e aprendeu a cuidar mais de si. “Vivo o hoje. O ontem não volta e o amanhã pertence a Deus. Estou vivendo cada momento dela”. “Fiquei até mais paciente”, brincou Maria.

Pensamento positivo sempre

A administradora Maria Quitéria tinha 47 anos quando descobriu que estava com câncer. Foi em 2013 que ela fez uma mamografia de rotina e levou para o mastologista o resultado. “Aí veio a bomba”, disse.

A dor de saber que estava doente deixou Maria triste e sem saber como contar para a família. “Chegando em casa fui muito dolorida contar pra minha família. Como eu imaginava que seria muito difícil para eles receber essa notícia, eu já fui me preparando e ao invés de ser consolada, eu fui consolar a todos”.

“Foi assim que enfrentei o câncer”, disse. Ela lembra que os exames eram feitos com muita ansiedade, mas que a confiança em Deus prevalecia. “Sempre mantinha o pensamento positivo”.

A administradora também precisou retirar a mama e fazer quimioterapia. “Em 2014 comecei a fazer a quimioterapia e sempre dei lugar ao sorriso”. Maria está há seis anos fazendo tratamento preventivo, mas que está confiante.

Aos 54 anos, Maria disse que aprendeu que todos nós somos mais forte do que pensamos e quando o pensamento é positivo, tudo fica mais fácil. “Sempre colocando Deus em primeiro lugar”.

“Eu tive aquele pensamento que muitas pessoas têm, de que vai ser o fim. É normal, mas enfrentar e falar que sou mais que tudo isso é o melhor remédio”, finalizou.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.