Se depender de um grupo de pré-candidatas de vários estados do país, a eleição de 2020 não será a mesma. Elas criaram uma mobilização virtual contra compra de votos em julho e fizeram sucesso nas redes sociais. Agora, para esta quinta-feira (06), às 18h, elas preparam mais uma mobilização, mas desta vez sobre a prática das candidaturas laranjas, que elas visam combater.
Encabeçada pela alagoana e pré-candidata a vereadora, Maria Tavares, a mobilização do primeiro manifesto teve participação de cerca de 100 mulheres de quase todas as regiões do Brasil.
“O grupo feminino hoje já aglutina 150 mulheres. Vamos fazer nosso segundo manifesto para combater à prática das candidaturas laranjas que são as mulheres que vendem seus nomes às chapas partidárias, para que estas consigam atingir a cota de 30% de participação feminina, prevista em Lei eleitoral”, destacou Maria.
A idealizadora das ações disse que acredita que o sucesso do manifesto que será ainda maior pois, segundo ela, “a máquina eleitoral espúria usa-nos como insumo eleitoral, como se fôssemos aquém do protagonismo político, o que jamais aceitarei e tenho certeza que isso mexerá com várias outras mulheres”.
“Chega de tapar o sol com a peneira!”
Cris Kumaira é pré-candidata pelo Partido Novo em Belo Horizonte, Minas Gerais, e vai lutar para ser vereadora. Ela tem participado de movimentos de mulheres de todo o Brasil, que lutam por um país mais justo, sem corrupção e uma eleição mais limpa este ano.
“Esta prática é um mal que deve ser combatido, já que colabora para a manutenção da mulher às sombras da política. Todas as mulheres que aderirem ao movimento irão publicar um material exclusivo em suas redes sociais, ao mesmo tempo, para que juntas, possam ecoar essa causa”, explicou.
Para a pré-candidata, o movimento surgiu para chamar atenção para práticas políticas que enfraquecem a democracia brasileira. “Primeiro lançamos “Não venda seu voto” e agora combateremos a candidatura laranja. Chega de tapar o sol com a peneira!”.
De Santa Catarina para o movimento
Em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, Jaína Atanásio dos Santos, pré-candidata a vereadora também vai participar do movimento hoje. Para ela, o movimento feminino traz questões importantes que precisam ser amplamente mostradas e debatidas com a sociedade.
“Tais como, os manifestos #NãoVendaSeuVoto e #NãoaCandidaturaLaranja que norteiam a participação feminina na política, como uma nova realidade necessária ao cumprimento legal e, mais que isso, a demonstração da capacidade da mulher em pensar e fazer política”, comentou.
Candidaturas laranjas fragilizam o processo
A pré-candidata a prefeita de Bezerros, em Pernambuco, Lucielle Laurentino afirmou que a mulher que é líder e mobiliza pessoas em prol da mudança, ou de uma causa, ela talvez nem saiba, mas ela é política.
“E como a gente quer essas mulheres na política! No momento em que essas mulheres não são vistas, ou não são notadas, isso fragiliza o processo democrático. E outras mulheres que não tem esse perfil ou até tem, se submetem a serem usadas, elas fragilizam a política”, reforçou.
Lucielle diz que a necessidade é que esse movimento inspire e impulsione mulheres que fazem, e que querem colaborar com o processo democrático com o Brasil. “Não somos contras em uma mulher ser candidata laranja e nós queremos discutir isso. Só as mulheres podem tomar essa decisão. Os homens, muitas vezes, usam essas mulheres para serem candidatos”, finalizou.