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Publicitária conta como descobriu câncer de mama e fala em rede de apoio feminina: “A vida é uma eterna troca”

Foto: Melissa Warwick

Em 2018, a publicitária Renata Abreu descobriu um cisto no seio direito e começou a investigar através de biópsias, mas o resultado dava sempre negativo para câncer. Somente quando Renata fez a cirurgia para a retirada do cisto que descobriu que ele era maligno. A descoberta não foi fácil. O tratamento mais ainda. Mas foi a rede de apoio formada por mulheres que fortaleceu Renata e a incentivou a ajudar outras pessoas.

Renata mora em Aracaju e hoje tem 35 anos. Na época que descobriu o cisto, ela fazia os exames de forma correta, anualmente. “Então eu estava bem tranquila. Depois de uns três meses que fiz todos os exames senti um cisto. Investigamos e as biópsias deram negativas. Mas eu e meu médico decidimos que íamos tirar o cisto”.

Quando o resultado da biópsia da cirurgia saiu, Renata descobriu que era câncer. “Tinha dado maligno”, disse.

Para ela foi um grande susto. “A gente sempre imagina que nunca vai acontecer com a gente”. Renata tentava entender por qual motivo aquilo estava acontecendo com ela, o que ela tinha feito de errado.

“Foi a pior fase esse começo. Você fica sem chão, você não sabe o que está acontecendo e se o câncer está só naquela mama, não sabe qual o tipo de câncer. Você tem que simplesmente sair para fazer vários exames e essa parte é bem complicada”, explicou.

Após mais de um mês que a ficha de Renata caiu. Foi uma verdadeira luta contra o tempo. Ela precisou fazer a mastectomia e retirou as duas mamas. 

“Depois eu fiz a quimioterapia. Um dia antes de fazer a quimioterapia, eu me dei conta que estava acontecendo comigo”, contou.

Um dos momentos mais difíceis para ela, sem dúvidas, foi a queda do cabelo. “Na segunda quimioterapia, nos primeiros 20 dias, meu cabelo começou a cair. Foi muito difícil”.

Apesar da fase delicada, Renata acredita que aquela fase da vida dela foi a que ela precisava olhar mais para si e ficar mais perto das pessoas que ela amava.

Com tantas demonstrações de carinho e amor, a publicitária percebeu que precisava das pessoas para ficar bem. “Precisamos das pessoas para ser feliz. A vida é uma eterna troca”.

Renata comentou que o câncer de mama abala muito a autoestima das mulheres por causa das mudanças. “Quando eu comecei a me desafiar a respeito da minha própria autoestima e postava as coisas no Instagram entendendo que aquilo era uma fase e que ia passar, eu recebia mensagens de muitas mulheres que estavam perdidas assim como eu tava no começo”.

Foto: Melissa Warwick

Ao Eufêmea, ela afirmou que recebia mensagens de mulheres que desabafavam sobre o medo do câncer, a queda do cabelo ou sobre os relacionamentos que estavam acabando por causa do câncer. “Muitos maridos deixavam as mulheres quando elas eram diagnosticadas. Eles não querem lidar com aquilo. É muito triste. Muita gente não tem uma rede de apoio”.

Rede de apoio foi essencial

Nesse processo, a publicitária conheceu um grupo de mulheres de Aracaju e trocava informações com elas. Foi essa rede de apoio que a fortaleceu. Juntas, elas trocavam dores, alegrias e dúvidas.

“A gente se ajudava e só a gente sabia o que estava passando. Foi aí que percebi a importância de disseminar as informações. Cada mulher é uma história. Cada câncer é um tratamento diferente, mas quando nos vemos naquela situação parece que a rede de apoio se amplia”.

Segundo ela, a obrigação dela era que as mulheres se dessem conta e prestassem mais atenção de que unidas elas podem tudo. “São muitos baques, notícias, exames. Isso abala demais. Se você não tiver uma rede de apoio estruturada fica difícil”.

Não há dúvidas para Renata, o maior ensinamento dela foi a importância de uma rede de apoio. Mas relembrou que também é necessário olhar para dentro de si.

“A gente precisa tirar um tempinho pra se ouvir, pra se amar, pra pra saber, pra tentar descobrir o que que te faz bem, o que que não te faz bem, enfim, se priorizar. E aí, quando a gente começa a se colocar como prioridade, as outras coisas vão acontecendo, outras pessoas vão aparecendo, pessoas que chegam pra somar”, justificou.

E ela deixa uma mensagem para quem está passando por uma fase delicada por causa do câncer. “O autocuidado é uma prática que precisa ser diária. Não desanima. Tudo tem começo, meio e fim”.

Faz um ano que a publicitária terminou o tratamento e a vida dela continua. “Estou com um emprego novo e minha vida está passando. Devemos perder tempo só com quem amamos”, finalizou.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.