Instabilidade e hipersensibilidade nos relacionamentos interpessoais, instabilidade na autoimagem, mudança extrema de humor e impulsividade. É assim que se sente uma pessoa com o transtorno de personalidade, o borderline. O assunto ganhou repercussão após a participante do reality show, a Fazenda, Raíssa Barbosa ter “perdido o controle das suas emoções” e precisar ser acalmada pelos participantes.
O Eufêmea conversou com a psicóloga de TCC (Terapia Cognitivo Comportamental) Fernanda Chianca para saber como ajudar quem sofre com esse transtorno que, segundo estudos, atinge mais as mulheres. O problema acomete cerca de 3% da população brasileira, sendo mais frequente em mulheres, que representam 80% do total de pacientes.
Do amor ao ódio
O termo “borderline”, que em inglês significa “fronteiriço”, teve origem na psicanálise. Quem tem o transtorno vai da alegria contagiante a tristeza profunda. Do amor ao ódio.
Segundo Fernanda, os pacientes com transtorno de personalidade borderline apresentam grandes oscilações de humor, como irritabilidade, ansiedade, etc. “Costumam temer e achar que estão sendo abandonados ou negligenciados”.
Eles também apresentam comportamentos suicidas e de autolesão. “Eles podem se cortar, queimar”, disse.
Fernanda disse que, geralmente, os sintomas se manifestam na adolescência e no início da vida adulta. “O diagnóstico é clínico, podendo ser utilizado testes e escalas psicológicas e seguindo os critérios descritos no DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatística).
O tratamento é feito com psicofármacos e com a psicoterapia. “A psicoterapia possui um papel fundamental, pois após o diagnóstico o paciente é ensinado sobre o seu transtorno, serão realizadas intervenções psicoterapêuticas eficazes para reduzir comportamentos suicidas, melhorar a depressão e a autonomia em pacientes com esse transtorno reduzindo seus sintomas e proporcionando uma melhor qualidade de vida”.
Mas afinal, é possível ajudar uma pessoa com o transtorno?
A especialista disse que não existe uma forma única ou exclusiva para ajudar e conviver com as pessoas que são acometidas pelo transtorno.
“Mas algumas coisas se fazem importantes ressaltar, tais como entender que não são responsáveis pelo transtorno e nem pelos sintomas. Para os familiares e pessoas próximas, é aconselhavel que busquem orientações e façam psicoterapia para compreender sobre o transtorno, para que encontrem estratégias para lidar com os sintomas, sempre levando em consideração os limites individuais de todos”.
Por fim, Fernanda disse que o que se pode fazer é “acolher, ser empático e coerente, e não levar sempre para o lado pessoal”. “É entender que a instabilidade e impulsividade sempre se farão presentes”.