Sensação de que estamos vivendo 2020 de novo. Desânimo e falta de perspectiva. A chegada da vacina trouxe esperança, mas ninguém contava com um aumento no número de casos da covid-19 e com novas variantes. Isso parece que afetou diretamente a saúde mental da população e trouxe, novamente, uma descrença no amanhã. E agora, como lidar com isso?
O Eufemea conversou com a Psicóloga Clínica Karla Karolyne, especialista em Psicologia da Saúde. Segundo ela, esse novo momento da pandemia tem trazido para algumas pessoas os sentimentos de angústia e desesperança.
Entretanto, Karla disse que por mais difícil que esteja a situação, é importante compreender que é um momento e que vai passar.
Tempo perdido?
A psicóloga também comentou sobre as pessoas que sentem que estão perdendo o tempo da vida por causa da pandemia. Para a especialista, o tempo não será perdido se “soubermos aproveitá-lo da forma que é possível no momento, nos adaptando sempre”.
Karla disse que muita coisa mudou e mais uma vez é necessário a aceitação disso.
“Precisamos nos manter em constante renovação das práticas de trabalho, estudos, das relações sociais, e adaptá-las ao contexto vivenciado, para que possamos ter a sensação de que foi um tempo produtivo, apesar das restrições”, justificou.
Por causa da demanda das pessoas com questões emocionais relacionadas à pandemia, a psicóloga viu um aumento no consultório.
De acordo com a especialista, as pessoas têm buscado terapia pelo receio de vivenciar situações semelhantes ao primeiro momento da pandemia, de muitas perdas, luto, incertezas com relação ao futuro, ansiedade e medo da morte. “O contexto de saúde voltou a trazer o sentimento de desânimo e desesperança”, disse.
E será que a saúde mental das pessoas será mais afetada em 2021 por causa da falta de perspectiva? Para a especialista, sim.
Karla disse que a sensação de falta de controle e a desesperança ao ver que o contexto de saúde tem piorado, pode despertar emoções como a ansiedade e angústia.
Para enfrentar esse momento, Karla disse que a dica é encontrar formas de se acolher.
“Preservar contatos sociais, manter um nível de previsibilidade com relação à própria rotina, aceitando que existem coisas que não podemos controlar, encontrar formas de adaptação da vida profissional, dos momentos de autocuidado e de lazer”, acrescentou.
Para ela, é necessário cuidar dos pensamentos, observando se as preocupações e emoções estão compatíveis com o momento vivido, ou se estão catastróficas e despertando emoções que paralisam.