Colabore com o Eufemea

Tratamento precoce dá a falsa sensação de proteção e causa consequências, alerta médica

Mesmo com evidências científicas de que o tratamento precoce (conjunto de remédios como hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina) não funciona contra a covid, muitas pessoas defendem esse tipo de tratamento para tratar a doença. Mas afinal, o tratamento precoce existe? O Eufemea conversou com a infectologista Verônica Rocha, 35 anos. Ela trabalha como coordenadora do controle de infecção hospitalar do Instituto Couto Maia, em Salvador.

A infectologista reforçou que não existe tratamento precoce que possa ser feito em casa para prevenir a infecção ou as formas graves da covid-19.

Para ela, alguns trabalhos científicos de qualidade ruim, mal feitos, contribuíram para essa grande confusão que observamos em relação a esse tema.

A infectologista também fez um alerta para o uso de corticoide. “É importante ressaltar que o corticoide reduz o risco de morte pela covid-19 quando administrado no momento correto que é quando o paciente tem indicação de oxigênio”, enfatizou.

A médica disse que o uso do corticoide antes desse momento não teve benefício comprovado pelos estudos e pode prejudicar a resposta do sistema imunológico se tomado de forma muito precoce.

Riscos do tratamento precoce

A infectologista disse ao Eufemea que o tratamento precoce tem consequências a curto e longo prazo, e que pode gerar uma falsa sensação de proteção.

“A curto prazo pode gerar uma falsa sensação de proteção, confunde a compreensão da doença gerando gastos desnecessários de recursos da saúde em um momento tão crítico e aumenta o risco de reações medicamentosas”, disse.

A médica disse que tem visto sinais de intoxicação pela vitamina D, arritmias, hepatites medicamentosas, sendo algumas bastante graves levando a necessidade de transplante hepático.

“A longo prazo o uso inapropriado de azitromicina, ivermectina e hidroxicloroquina pode gerar aumento da resistência bacteriana, de verminoses e da malária a esses medicamentos”, acrescentou.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.