Durante a sessão ordinária virtual da Câmara de Vereadores de Maceió, nesta quarta-feira (25), a vereadora Teca Nelma (PSDB) teve o pedido de censura por parte de outro parlamentar, após chamar o presidente Jair Bolsonaro de genocida. A polêmica veio à tona durante a discussão da concessão do Título de Cidadão Honorário para o presidente Bolsonaro. O título foi aprovado com 16 votos favoráveis. Seis parlamentares votaram contra.
Atualmente, a Câmara de Vereadores conta com quatro mulheres, mas apenas Teca foi contra o título. Ao proferir seu voto, Teca disse que “sem dúvidas e sem medo, eu digo não ao presidente genocida”.
Em seguida, o vereador Fábio Costa (que também é delegado) informou que solicitaria ao presidente da Câmara a censura da fala de Teca Nelma e disse que “talvez ela não saiba qual o significado da palavra genocida”.
Além disso, o vereador Fábio Costa afirmou que “irá oficiar à presidência da república e a Advocacia Geral da União, sobre a fala de Teca Nelma. “Vou solicitar a íntegra da fala dela e também vou oficiar o Conselho de ética daqui da Câmara, para saber se de repente a vereadora Teca Nelma não incorreu em quebra de decoro ao usar essa infeliz expressão na sessão de hoje”.
Atacada dentro da Casa por causa do gênero
Segundo a vereadora, essa não é a primeira vez que ela é atacada dentro da Casa por causa do gênero dela. Por ter 22 anos e ser a parlamentar mais jovem, muitas vezes, o conhecimento dela é colocado “em cheque”.
Ela também reforçou que não vivemos mais num período de ditadura militar para que a fala dela seja censurada.
“Nós podemos discordar em diversas coisas, mas eu jamais pedi pra ninguém aqui ser censurado. Fico triste em 2021 ainda estar aqui sendo pedido censura à minha fala. Eu tenho imunidade para proferir o meu discurso. Eu me sinto mais uma vez atacada nessa casa, por ter meu pedido de fala cerceado. Isso não vai acontecer. Eu vou estar sempre aqui defendendo a população de Maceió, que merece muito mais do que a votação desse título. E aqui, contem comigo, porque essa voz não vai ser calada por homem nenhum”, reafirmou a vereadora.
Vereador diz que não ameaçou colega
Nas redes sociais, através de um vídeo, o vereador Fábio Costa disse que não ameaçou a vereadora. “Apenas invoquei o artigo 292 do regimento interno da Câmara pelo fato de a vereadora ter se referido ao presidente como genocida. Defendo que nem ao presidente, nem a qualquer outro brasileiro, pode ser atribuída a expressão com caráter difamatório ou injurioso”.
Apoio à vereadora
Alguns vereadores saíram em defesa da vereadora Teca Nelma e reforçaram que ela tem imunidade para se expressar. “Não podemos permitir que isso se torne uma caça às bruxas”, disse o vereador Dr. Cléber Costa.