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Coletivo formado por sete mulheres se une e lança livro “De Corpo Inteiras” que mostra ‘as muitas facetas do ser mulher’

Formado por mulheres escritoras de diversas partes do Brasil, o Coletivo Escreviventes lançou a primeira edição do livro “De Corpo Inteiras”. A obra é uma ficção contemporânea e trata do corpo da mulher como inspiração, com temáticas transversais, como autoaceitação, direitos reprodutivos, elos entre as fêmeas humanas, questões estéticas, psicológicas e existenciais. 

A obra é dividida em três partes, como o corpo humano, e reúne uma coletânea de trinta e nove contos corajosos e envolventes que apresentam as muitas facetas do ser mulher.

O Escreviventes é um coletivo formado pelas escritoras Carla Guerson, Ana Caroline Aguiar, Emanuela Ribeiro, Licia Mayra, Michele Fernandes, Raquel Catunda e pela perita criminal alagoana Milena Maria. 

O Eufemea conversou com três delas. Segundo a perita criminal, Milena Maria Cavalcante, de 56 anos, a ideia de lançar o livro surgiu após as autoras fazerem — de maneira semanal — exercícios com o objetivo de criar contos com temáticas variadas que eram propostas por uma das participantes de cada vez. 

“Depois pensamos em fazer um livro, escolhemos o tema da coletânea: o corpo da mulher, e decidimos que a obra seria em prosa, no gênero conto, com extensão curta. Mantivemos o ritmo da escrita semanal, com leitura e sugestões das colegas aos domingos. Depois de quatro meses, procedemos à revisão final em pares de autoras”, disse.

Para ela, o livro foi uma experiência incrível. “Estou vibrando com o fruto de um trabalho coletivo, feito por mulheres escritoras capazes e empenhadas no que se propuseram. Antes escrevia sozinha e sempre desejei ter essa prática, que pretendo manter”.

Segundo Milena, o livro foi um divisor de águas para ela. “Acabei me aprofundando na compreensão da natureza feminina e na condição da mulher na sociedade, que é um dos focos transversais da minha obra”.

A importância do livro, na opinião de Milena, é que as escritoras conseguem abrir espaço para sermos compreendidas. 

“Avançando em conquistas, algo com que a mulher vem lidando desde sempre devido aos retrocessos que constatamos ao longo da história, como fica claro no cenário atual do nosso país”, disse.

Mulheres não são falsas e competitivas

A servidora pública, Lícia Mayra, de 26 anos, residente do município de Picos, no Piauí, disse que participar da coletânea significou o ‘abandono de uma escrita solitária’. 

Foto: Cortesia ao Eufemea

“Os textos foram gestados coletivamente, através de semanas árduas de escrita. Além disso, significa um olhar de fora para dentro, no sentido de buscar pressões sociais que perpassam o corpo feminino e criam raízes dentro de cada uma de nós. E, claro, é motivo de imenso orgulho”, contou.

Sobre a importância da obra, Lícia disse que cresceu acreditando que mulheres são falsas e competitivas. Mas o livro escrito por mulheres quebra esse estereótipo que apenas nos desune. 

“Além disso, num mundo em que meninas ainda são proibidas de aprender a ler ou ir à escola, a escrita feita por mulheres é revolucionária”, garantiu.

Construção harmoniosa

De Fortaleza, no Ceará, a psicóloga Ana Caroline Leite de Aguiar, 36 anos, vê o livro como o “resultado de uma construção grupal harmoniosa, equilibrada, acolhedora de diversidades, desafiadora e prazerosa”.

“Acredito que é possível sentir um pouco dos bastidores ao se ler o livro. Ele ainda simboliza a possibilidade e a potência de integração, tal qual as partes do corpo, de escritas de mulheres com histórias singulares, estilos diferentes, mas unidas por vivências sociais femininas comuns e por um propósito maior de transformar isso em arte, em literatura, apostando no poder de ressignificação desta”, comentou.

Ana também disse que o livro é importante para chamar atenção para as desigualdades de gênero que adoecem homens e mulheres todos os dias. 

Foto: Cortesia ao Eufemea

“Isso se concretiza de formas diversas no livro, seja nas temáticas dos contos, nos personagens, nas entrelinhas, nos bastidores, nas divulgações, na própria autoria de um coletivo feminino frente a um mercado editorial, ainda, dominado por homens”, conclui.

Como comprar o livro?

A obra está disponibilizada na versão ebook, que pode ser lida através de celular, tablet ou no computador. O livro do Coletivo Escreviventes está disponível no site Amazon, por apenas R$ 5,99 (cinco reais e noventa e nove centavos), ou de graça na plataforma Kindle Unlimited.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.