Colabore com o Eufemea

Ela foi a primeira mulher a dirigir uma viatura e um ônibus da Guarda Municipal: “As pessoas olham diferente”

A alagoana Cristiana Roberta Cordeiro dos Santos, de 43 anos, faz parte da Guarda Municipal há 19 anos e durante esse tempo, ela fez história. É que Cristiana foi a primeira mulher a dirigir uma viatura e um ônibus da Guarda de Maceió.

Ao Eufemea, ela contou que entrou para a Guarda Municipal em 2002, mas somente em 2004 que dirigiu os veículos. O ambiente, segundo ela, sempre foi predominantemente masculino. “Quando entrei na guarda só tinha homens como motoristas”, disse. 

Foto: Cortesia

Apenas os homens dirigiam e tiravam o plantão noturno. “Eu fui a primeira a dirigir. Além disso, eu e a GM Cecília tiramos os primeiros plantões noturnos”.

A guarda comentou que sempre gostou de dirigir e que aprendeu com o pai aos 15 anos.

Cristiana disse que quando passou no concurso, se colocou à disposição para dirigir, mas que antes dela, nenhuma mulher havia pedido para ser motorista. “Eu fui a primeira, depois de mim vieram outras. Mas o número ainda é baixo”.

“Pessoas olham diferente”

A guarda municipal enxerga como ‘natural’ dirigir uma viatura e um ônibus. Só que ela explicou que com o passar do tempo percebeu que muitas a olhavam diferente. “Inclusive a população”.

E é justamente essa população que ainda se espanta ao ver a guarda dirigindo os veículos. “Sempre que estou saindo da viatura escuto alguém falando: ‘Olha a motorista, é mulher’. Eu acho engraçado”.

Para que ela se tornasse motorista precisou passar por alguns cursos, entre eles, o de direção defensiva e ostensiva. “Além do dia a dia que ensina muito, já utilizei o que aprendi por diversas vezes em ocorrências”.

Ambiente machista

Cristiana reforçou que a mulher ainda passa por sérios problemas de aceitação no meio masculino, e que na Guarda Municipal não é diferente.

Ela é consciente disso, mas afirma que nunca deixou o machismo atrapalhar o trabalho dela.

“Mas sei o que quero e o que posso fazer. Não permito que digam o contrário, mas também conheço os meus limites. Acredito que não me comparo a ninguém, simplesmente faço o que amo do meu jeito, respeitando todos os meus companheiros de farda. Eu me sinto respeitada por todos”, concluiu.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.