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Especialista lança livro infantil sobre transformar o medo em emoções positivas: “Sentimento pode virar um trauma”


O medo é uma emoção que se dá como resposta a um estímulo, que pode ser real ou imaginário. Esse sentimento é abordado no livro infantil “Transformando O Medo Em Emoções Positivas”, da especialista em psicologia positiva e neurociência, Carla Bianca Prado. Ao Eufemea, ela disse que no livro as crianças aprendem a nomear o sentimento e a perceber quando ele surge por meio das emoções.

O livro conta a história de Gabriela, que percebe a existência do sentimento chamado medo ao despertar de um sono em que se separava da mãe. Ela e seus amigos vivenciam diversas situações que lhes causam medo e aprendem que isso faz parte da experiência humana.

A autora explica que são dez histórias em que são abordados os principais medos infantis e ao final de cada uma delas, há atividades de Psicologia Positiva e Mindfulness para regulação do medo.

“As histórias são singelas, mas com vários significados. O livro ensina a criança a expressar seu medo, entender quando é real ou imaginário e a regulá-lo. O livro é para todos os públicos”, conta Carla.

Ela destaca a relevância dos livros no mundo de eletrônicos e aponta que o cérebro não tem o gene da leitura e da escrita, sendo necessário estimulo para aprendizagem. Isso significa que ler e interpretar a leitura, diferentemente de andar ou falar, são habilidades aprendidas ao longo do tempo.

“O uso das telas não requer grande esforço cerebral e nem motor. Ou seja, não há aprendizagem”, destaca.

Em relação à temática dos sentimentos, a especialista explica que há séculos a sociedade recebe educação que inviabiliza a criança e por isso as pessoas são criadas na perspectiva da repressão dos sentimentos, quando na realidade os responsáveis devem estimular as crianças a pedirem ajuda quando sentirem que precisam.

“O grito pode até cessar o problema no momento, mas não resolve”, reforça.

Carla afirma que o grito provoca na criança uma descarga dos hormônios cortisol e adrenalina, bloqueando o aprendizado. “O grito pode até cessar o problema no momento, mas não resolve. Quem usa o recurso da invalidação do sentimento e do grito está fazendo a intervenção de maneira equivocada. Adultos bem resolvidos necessariamente têm que vivenciar a infância com afeto, atenção e principalmente presença”, explica.

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Foto: Cortesia

Medo pode se tornar um trauma

A especialista alerta ainda que o medo, quando não trabalhado da maneira correta, pode se tornar trauma. Quando a criança recebe a instrução de maneira correta, o medo perde força e se torna aliado. O sentimento é importante para a sobrevivência porque sinaliza, entre outras coisas, perigo.

Questionada sobre a comunicação infantil, ela conta que a criança ainda não sabe se comunicar da maneira correta, por isso ela chora ou grita numa situação de desconforto ou perigo. No entanto, cabe ao adulto se perguntar o que aquele comportamento está querendo comunicar, interpretar e fornecer o estímulo correto.

“Não é bater nem invalidar, mas acolher”, afirma a especialista.

O livro

“Transformando O Medo Em Emoções Positivas”, da autora Carla Bianca Prado, foi o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da pós-graduação em Psicologia Positiva . A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) aceitou que o trabalho fosse entregue nesse formato e o orientador estimulou a publicação por ter se encantado com a obra.

“Eu distribuí umas cópias para algumas pessoas testarem com os filhos na tentativa de estabelecer uma faixa etária. Alguém, que até hoje não sei quem é, trabalhava na editora recebeu a cópia, levou pra equipe ler e assim eu recebi o convite para publicar”, conclui.

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Rebecca Moura

Rebecca Moura

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.