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Candidíase de repetição: ginecologistas esclarecem principais dúvidas sobre a doença

Foto principal: Ginecologista Lorenna Lopes

Ao menos uma vez ao longo da vida mulheres sofrem com coceira na vagina, corrimento branco, ardor para urinar e dor durante relações sexuais. Esses são os sintomas causados pela candidíase, considerada uma das infecções mais comuns entre as mulheres em idade reprodutiva.

O Eufemea conversou com duas ginecologistas sobre o assunto. Veja as cinco dúvidas mais comuns abaixo.

1-O que é candidíase?

“Candidíase é um processo infeccioso agudo causado por fungo, o principal é a Cândida albicans. A infecção não é considerada IST [Infecções Sexualmente Transmissíveis] pois não depende de uma relação sexual para se propagar ou se instalar no epitélio vaginal”, diz a ginecologista Keity Magna.

Foto: Keity Magna

“A cândida vive em pleno equilíbrio na nossa flora vaginal, algumas situações que levam ao desequilíbrio do pH da vagina acaba exacerbando seu crescimento, levando assim aos sintomas constantemente relatados pelas mulher com candidíase vulvovaginal.”, explica a ginecologista Lorenna Lopes.

2-Como ocorre o contágio?

Segundo Keity, a Candidíase acontece quando há um desequilíbrio na flora vaginal fazendo com que o PH vaginal fique mais ácido que o normal. Alguns fatores podem levar mulheres a desenvolver candidíase como gravidez, utilização de contraceptivos hormonais, diabetes melitos, uso de antibiótico, estresse, imunidade baixa.

Para a ginecologista, os fatores que contribuem para a instalação da doença são vestuário de tecido sintético, desodorantes, absorventes perfumados e materiais de higiene íntima.

3-Como tratar a doença?

“O tratamento vai depender das manifestações clínicas da mulher, normalmente digo às minhas pacientes que tirar da crise é muito fácil, mas mantê-las fora se torna difícil porque é preciso muito mais do desempenho delas no tratamento. Não é apenas tomar uma fórmula mágica que irá resolver, mudar os hábitos de vida é fundamental”, avalia Lorenna.

Lopes explica que as mulheres infectadas podem utilizar antifúngicos via oral ou vaginal, em alguns casos antialérgicos para melhora do prurido. Além da adequação da higienização íntima, ajuste do pH e alimentação com fortalecimento da flora vaginal e imunidade.

Já Keity pondera a importância de identificar o que causou a candidíase para tirar esse fator e a infecção não retorne. “Por exemplo se a mulher tem diabetes ou anda comendo muito carboidrato e esteja elevando sua glicose o fungo se alimenta desse açúcar e se proliferam causando episódios de candidíase necessitando de novo de medicação que vai tratar o sintoma mas não a causa que seria uma alimentação pobre em carboidratos”, conta.

4-Como é feita a prevenção?

“A melhor forma de prevenir é equilíbrio da flora vaginal e imunidade, a alimentação é o pilar do tratamento, ela traz melhora a imunidade além de estabilização da flora intestinal e vaginal”, aponta Lorenna.

“Mantendo uma alimentação saudável. Deixando os níveis de glicose no sangue adequados, aumentando a imunidade. Evitando uso de antibióticos. Cuidando da rotina da vida pra não estar sob estresse constante”, diz Keity.

5-Qual a importância de tratar o casal quando a mulher é diagnosticada?

“Nenhuma. Não existe nada na literatura que defenda o tratamento do casal. A candidíase acontece por algo no ecossistema feminino. O fungo entra em contato com o pênis do homem, mas não consegue se proliferar pois o ambiente masculino não é propício para esse desenvolvimento do fungo para causar candidíase”, conclui Keity.

Rebecca Moura

Rebecca Moura

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.