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Relacionamento iceberg: Juntos, porém distantes. Você tem vivido isso?

Um iceberg é um grandioso bloco de gelo que se desprendeu de uma geleira e vagueia pelos mares. O que vemos, no entanto, é apenas uma pequena parte que fica na superfície, que normalmente não demonstra sua magnitude e profundidade, podendo causar grandes danos, como por exemplo afundar o barco “mais seguro do mundo”.

Para quem assistiu Titanic entenderá o que estou dizendo. Não pelo ardente romance, mas sim pela trágica colisão repentina e imprevista e um iceberg.

Tal analogia não poderia ser melhor aplicada aos relacionamentos distantes. Aparentemente tudo parece tranquilo. Na superfície os problemas do casal não são nada demais. No entanto, a grandeza das dores emocionais causadas pela falta de intimidade, afeto, segurança, empatia e conexão podem ser muito profundas e surpreender aos que olham de fora e não conseguem ver naquele casal qualquer tipo de problemática aparente.

Gottman (1997), traz a partir de suas pesquisas e análises, a perspectiva dos estilos de casamento, e dentre eles elege como saudável o casamento de evitação.

E isso tem a ver com um perfil combinado de casais que concordam em discordar, não sentem necessidade de mergulhar nas diferenças e questões que surgem no matrimônio, sendo bastante estáveis e mantendo seus casamentos em uma zona de conforto e segurança, mas esses casais se conhecem, pensam coisas positivas e acalentadoras sobre o silêncio do outro, sentem segurança na relação.

Porém, quando a personalidade dos parceiros, bem como suas histórias de vida os levam para uma evitação defensiva e inconsciente, com objetivo de evitar as dores emocionais que o relacionamento evoca, o casal adota uma postura fria, defensiva e muitas vezes vidas totalmente distanciadas, mesmo estando juntos.

Então o que pode refletir como uma aparente harmonia, pode esconder uma total falta de conexão emocional do casal, uma relação sem conflitos aparentes, mas sem satisfação para ambos. A verdadeira solidão a dois, o casal não se conhece suficientemente, um não vê o outro como seu apego seguro, não dividem sonhos, objetivos, não acessam um ao outro e a cada silêncio os pensamentos e sentimentos sobre a relação são raiva e desesperança que escondem um profundo desamparo vivido na relação gélida.

Normalmente esse tipo de relação entra em um ciclo automatizado de extrema autonomia. Pessoas que têm vidas muito cheias e comprometidas que as impedem de olhar essas faltas, no entanto, quando um dos pares sai do ciclo evitativo e sente extrema necessidade de conexão, as crises aparecem e o casal pode caminhar rumo a resolução dessa problemática ou rumo ao fim da relação. 

A psicoterapia de casal pode ser um bom caminho para compreender o que leva o casal a esses ciclos de distanciamento e desconexão, então para você que identifica nesse texto seu ciclo conjugal, busque ajuda, uma vida de desconexão pode ser bastante difícil e está longe de ser uma vida de satisfação e alegrias.

Você merece viver uma real conexão amorosa, uma parceria de necessidades emocionais suficientemente satisfeitas. Busque isso!

Por Natasha Taques – Estou no Instagram: @vinculos.psi

Fontes:

PAIM, K.; CARDOSO, B. L. A. Terapia do Esquema para Casais: base teórica e intervenção. Porto Alegre: Artmed, 2019.

GOTTMAN, J. Casamentos por que alguns dão certo e outros não. Rio de Janeiro: Objetiva,1998.

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Natasha Taques

Psicóloga clínica (CRP-15/6536), formada em Terapia do Esquema pelo Instituto de Educação e Reabilitação Emocional (INSERE), Formação em Terapia do Esquema para casal pelo Instituto de Teoria e Pesquisa em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (ITPC).