Nesta quarta-feira, 18 de maio, é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, data marcada pela conscietização da sociedade sobre a necessidade da prevenção à violência sexual. Ao Eufemea, a psicóloga infantojuvenil, Maria Eduarda Ferro faz um alerta sobre as consequências do abuso sexual e afirma que a educação sexual deve ser conversada constantemente dentro de casa.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, uma em cada três crianças no Brasil é abusada sexualmente até os 18 anos de idade, do qual a maioria dos abusadores são parentes que convivem com a vítima.
Maria Eduarda destaca que o trauma quebra a continuidade, previsibilidade e confiabilidade do ambiente e daquilo que deveria ser o primeiro contato de segurança e apoio da criança: a casa e a família.
“Evidentemente cada situação considerada traumática têm consequências e desdobramentos na vida de cada ser humano, e uma invasão desse tamanho pode gerar sintomas e consequências que, inclusive, podem se manifestar muitas vezes após vários anos depois“, explica.
Sintomas
Ela conta que após o abuso, as crianças podem manifestar sintomas de fobia, episódios de ansiedade, alterações a nível biológico e orgânico como problemas estomacais, problemas de pele, alergias, vômitos; além de dificuldades de socialização, aprendizagem e problemas na escola.
Ainda segundo a psicóloga, por um mecanismo de defesa, muitas crianças acabam esquecendo do episódio, porém sintomas e consequências podem se manifestar mesmo após anos do episódio.
Conscientização
A educação sexual deve ser constantemente conversada em casa, dentro dos limites, do lúdico e do entendível com as crianças. Ela frisa a importância de conversar com a criança sobre as pessoas que são permitidas tocar em partes íntimas e situações que devem ser alertadas.
“Alguns recursos lúdicos estão disponíveis para auxiliar nesse processo. Além disso, algo muito importante a ser observado são os conteúdos de televisão e internet que são consumidos e acessados pelas crianças e adolescentes”, comenta.
No entanto, a alagoana alerta que a internet é um local que a criança não deve ter livre acesso. O assunto deve ser mantido e conversado de forma transparente com a criança, no sentido de orientar e delinear, evitando uma abordagem punitiva e agressiva.
Vulnerabilidade
Questionada sobre as medidas que devem ser tomadas após o abuso, Maria Eduarda frisa que os responsáveis pela criança devem fornecer um ambiente seguro, previsível e acolhedor. Além das decisões judiciais cabíveis, avaliações médicas e acompanhamento psicológico. “Acima de tudo deve observar a criança, a forma que ela reagiu e como esse episódio reverberou na subjetividade da criança”.
A família e os principais cuidadores da criança devem acompanhar, acolher e oferecer afeto nesse momento delicado. A psicóloga avalia que é muito comum que a criança esteja vulnerável nesse momento, então o cuidado deverá ser redobrado, fornecendo aquilo que a criança precisa nesse período.