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Mulheres relatam perda de libido durante uso de anticoncepcional; ginecologista alerta para efeitos

Foto: Internet

Perdeu a libido por causa do anticoncepcional? Algumas mulheres disseram ao Eufemea que isso aconteceu com elas. Outras acham que é mito. Mas afinal, pode perder ou ter diminuição da libido devido ao anticoncepcional? A ginecologista, Keity Silva explicou por qual motivo isso acontece e o que fazer para tentar driblar essa situação.

Ao Eufemea, uma mulher que preferiu não ser identificada contou que em 2010 começou a tomar anticoncepcional injetável. No entanto, após ter um filho, ela passou a tomar o oral, por ser mais aconselhável durante a amamentação.

Ela afirma que utilizou o método de via oral por cerca de 2 anos e começou a sentir efeitos, como a perda da libido, com pouco tempo. “Acho que com seis ou sete meses isso começou. Tanto que fiz uma consulta na minha ginecologista só para tratar sobre o assunto”.

“Nunca me adaptei bem ao anticoncepcional”

Durante o atendimento médico, foi solicitado alguns exames, como de tireoide e outros mais gerais. “Na época, a própria ginecologista orientou que eu procurasse uma terapia para ver se tinha algo mais que estivesse ocasionando, mas depois constatamos que realmente era o anticoncepcional”.

“Como foi que a gente chegou ao anticoncepcional? A gente mudou de fórmula e eu passei a usar um outro, porque meu filho já estava um pouco maior, então não ia sentir tantos efeitos com outro”, relata.

Antes de fazer a troca, a paciente passou cerca de dois meses sem utilizar medicação.

“Nesse tempo sem remédio já senti uma diferença. Não mudou da água para o vinho, mas já mudou. Assim, percebi que poderia ser o anticoncepcional e conversei com ela novamente”.

“Naquele período, eu não podia tomar outro tipo por conta da amamentação, então minha única alternativa foi continuar, buscar alguns complementos e remédios que fizessem essa estimulação”, diz.

Há dois anos, ela parou de usar anticoncepcional e hoje utiliza apenas a camisinha como método contraceptivo. “Eu fiquei bem melhor, até porque nesse tempo de anticoncepcional eu tomei oral ou injetável, um ou outro, tomei várias marcas, de vários jeitos, por longos períodos ou durante três meses e meu corpo sempre apresentou alguma reação incômoda”.

“O primeiro, especificamente, foi a falta de libido. Um outro, já cheguei a ficar inchada, retendo muito líquido. Nunca me adaptei bem ao anticoncepcional, optei por não tomar mais e acho que não pretendo voltar, apenas se for realmente necessário”, explicou.

“Parei de tomar e foi a melhor escolha”

Uma outra mulher, que não quis ser identificada, afirmou que utilizou anticoncepcional oral por 11 meses. Após 15 dias de uso da medicação já começou a sentir efeitos, como a perda da libido.

Ela afirma que conversou com a médica sobre o assunto, quando optaram por mudar o contraceptivo, mas não adiantou e os efeitos persistiram.

A paciente conta que interrompeu o uso e, atualmente, utiliza apenas o preservativo. “Parei de tomar e foi a melhor escolha. Estou há 9 anos sem efeitos colaterais de anticoncepcionais. É uma bomba para a mulher, muitos riscos”, afirma.

Como o anticoncepcional age?

De acordo com a ginecologista Keity Silva, as pílulas anticoncepcionais diminuem a libido porque reduzem a quantidade de testosterona livre no corpo. “A medicação é metabolizada no fígado e, com isso, há um aumento da SHBG, que é a proteína ligadora dos hormônios sexuais”.

Foto: Cortesia ao Eufemea.

“Quando essa proteína se liga ao hormônio, ela deixa de fazer com que esse hormônio esteja livre para se ligar aos receptores e fazer o seu efeito. A testosterona tem esse efeito de aumentar a libido e o desejo sexual. Não só isso, mas é uma das funções”, informa.

A especialista destaca que algumas mulheres terão essa queda em mais intensidade e outras não. “Até porque a questão de libido não é somente hormonal. Mas falando só nessa questão, você vai ter uma queda porque realmente vai ter um crescimento da proteína e uma baixa da testosterona livre”.

Com relação aos outros métodos, como o implante de progesterona, ela afirma que ele possui um efeito neutro sobre a produção da proteína e a testosterona livre, que irá circular normalmente.

“Porém, todos os anticoncepcionais que mexem com a ovulação – sejam os anticoncepcionais orais ou os injetáveis de progesterona – vão baixar o nível de testosterona, porque ela é gerada durante o ciclo ovulatório. Então se não estou tendo ovulação, já não vou produzir a testosterona através dos ovários”, explica.

A ginecologista diz que, além da produção ovariana de testosterona, também existe a supra renal. No entanto, os contraceptivos orais são considerados “piores”, pois além do bloqueio nos ovários, ainda mexe com a parte hepática do corpo.

Segundo ela, o método anticoncepcional que não mexe com a ovulação e, consequentemente com a libido, são os DIUs [dispositivos intrauterinos], que não interferem na produção e disponibilidade de testosterona.

“A questão de libido não é somente hormonal”

A médica destaca que a perda da libido pode estar relacionada também com a autoestima da mulher, o aumento do stress e a rotina pesada de trabalho.

“Às vezes as pessoas querem uma pílula para aumentar ou repor a testosterona, por exemplo, mas se ela tem uma vida de stress, um trabalho que requer muito dela, tem pouco tempo de cuidados próprios, não está bem em seu relacionamento, não pratica atividade física, nem tem uma vida saudável e equilibrada, não vai adiantar”, pontua.

Keity ressalta que, mesmo a mulher parando com o anticoncepcional para colocar um DIU, o que vai melhorar um pouco a disponibilidade da testosterona, é necessário analisar todos os outros fatores que estão cercando a paciente.

Para aumentar a libido, a médica recomenda controlar o estresse do dia a dia, a qualidade do tempo, fazer atividade física, que libera endorfina no organismo, e uma alimentação saudável, além da mulher estar bem consigo mesma e com uma boa autoestima.

“Se a paciente não está bem, às vezes, o melhor é uma terapia para que possa perceber o que está atrapalhando a vida dela e como pode lidar com isso, que não apenas de forma medicamentosa”, conclui.

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Maria Luiza Lúcio

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