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Anestesista preso por estupro ganha mais seguidores nas redes sociais; sociedade é conivente e criminosa

O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, que foi preso por estuprar uma mulher durante o parto, ganhou milhares de seguidores nas redes sociais após a repercussão. Ele tinha 365 seguidores, logo após a divulgação do caso, chegou à marca de 11 mil.

Isso é de se espantar? Não. Já vimos outros casos envolvendo violência contra as mulheres e a sociedade fez a mesma coisa: passou a seguir o agressor.

Só que isso mostra que a sociedade, assim como ele, também é criminosa. Sim, o que levaria alguém a seguir um estuprador na rede social? Penso que faz isso por se identificar com a figura ou pela curiosidade de saber mais sobre a vida dele.

O caso é revoltante e não tem como defender o criminoso, mas será apenas mais um caso. Infelizmente. Lamentaremos nas redes sociais, mas se os nossos braços continuarem cruzados não adiantará nada. Não entendo como somos maioria da população e não estamos indo às ruas para cobrar proteção para os nossos corpos, para as nossas vidas. Será que nos acostumamos com isso?

Precisamos aceitar as violências diárias? Precisamos viver dessa forma? Dizendo que não é fácil ser mulher no Brasil? Será que não já passou da hora de agir?

A atitude do médico está diretamente ligada a cultura do estupro. E por qual motivo a sociedade ainda passa a seguir esse homem nas redes sociais? Sabemos que se fosse o contrário, a mulher perderia seguidores como também já aconteceu em outros casos.

A sociedade é conivente quando passa a mão na cabeça do agressor. É conivente quando o segue nas redes sociais (mesmo que por curiosidade). Fazer isso também é nos agredir. É mostrar que a vítima não é vítima. É oferecer suporte a um agressor que agiu desta forma dentro de uma sala de parto sem nenhum respeito.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.