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Pobreza menstrual: 43% das mulheres do NE já precisaram pedir absorvente por falta de recursos

Foto: Célio Júnior / Secom Maceió

A falta de infraestrutura, recursos e até conhecimento para cuidados envolvendo a própria menstruação, são características da pobreza menstrual que atinge milhares de mulheres no Brasil. Entre janeiro e fevereiro deste ano, 43% das mulheres da região Nordeste já precisaram pedir absorventes ou dinheiro emprestado porque não tinham condições financeiras para comprar os produtos.

Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e analisada pela Agência Tatu.

Ainda de acordo com a pesquisa, 30% das meninas e mulheres da região já tiveram que usar outros itens no lugar de produtos de higiene menstrual, como o papel higiênico, por não possuírem condições financeiras para comprá-los.

Conforme os preços do Procon Maceió, o preço do absorvente descartável externo, que é o produto mais utilizado pelas pessoas que menstruam no Nordeste (83%), o custo mensal com esse item é em média R$ 16,56.

Tabus e preconceitos

Ao Eufemea, a advogada e coordenadora do Centro de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM), Paula Lopes, avalia que os tabus e preconceitos com a menstruação existem na sociedade por ser baseada no gênero feminino.

“Para uma sociedade patriarcal, machista e misógina é preciso transformar todo o poder que emana do feminino, da mulher, em algo sujo, errado ou impuro”, diz.

Paula Lopes. Foto: Assessoria

A advogada acredita que, atualmente, as mídias sociais e meios de comunicação permitem que o tema seja abordado de maneira acessível para quem precisa de informação.

Combater a pobreza menstrual

Ela informa que Alagoas é um Estado desigual economicamente, dificultando a luta por acesso a higiene básica e saúde da mulher em situação de vulnerabilidade.

“Estamos aos poucos sensibilizando o poder público, construindo Leis e práticas que incitam a saúde menstrual como algo relevante para a população”, comemora.

De acordo com a coordenadora do CDDM, o combate à pobreza menstrual é realizado através da informação para a população, mecanismos de acesso a absorventes íntimos, métodos de higiene e limpeza, ISTs, materiais sobre direitos sexuais e reprodutivos e rede de apoio. “Tudo isso conectado, funcionando em harmonia e financiado pela rede pública de saúde, é o que chamamos de política pública”, comenta.

Ações da Prefeitura de Maceió

Devido às fortes chuvas que atingem a capital, a Prefeitura de Maceió, por meio do Gabinete da Mulher, entregou mais de mil absorventes em abrigos, localizados na parte baixa, onde concentra as famílias afetadas pelo aumento do nível da água da lagoa.

“Bem estar, dignidade e promoção em saúde”

Conforme o Gabinete da Mulher, a iniciativa vai garantir mais dignidade para mulheres e meninas que, neste momento, não têm acesso a este item de higiene pessoal.

“O objetivo da iniciativa foi levar o absorvente higiênico para essas pessoas e com isso trazer dignidade para elas e prevenir doenças do trato geniturinário”, explica.

De acordo com as informações, os insumos de higiene pessoal são frutos de doações feitas pela Cruz Vermelha e de uma campanha lançada em Março. “Iniciativa importante para promover bem estar, dignidade e promoção em saúde”, diz o gabinete.

Foto: Célio Júnior / Secom Maceió

Após esse período esses insumos não serão entregues à comunidade diretamente. Porém o Gabinete da mulher informa que “as meninas e mulheres que estão matriculadas na rede pública de ensino de Maceió através do Programa Dignidade Menstrual continuarão recebendo os absorventes”.

Rebecca Moura

Rebecca Moura

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.