Colabore com o Eufemea

A importância da raiva: ela é um sinalizador de que as nossas necessidades não foram atendidas

Por mais estranho que isso possa parecer, a raiva é importante, assim como todas as emoções. No entanto a raiva é muito mal compreendida, rotulada de ruim. Aprendemos desde cedo que ela deve ser contida, controlada, dominada.

Mas alguma vez na vida cotidiana alguém ensinou a você a compreender e acolher a raiva? Pois sim, a raiva, é natural e inata aos seres humanos. E ela é que sinaliza quando algo está errado, quando estamos sendo machucados, negligenciados, injustiçados ou ofendidos.

Quando buscamos compreender o motivo da raiva que estamos sentindo, logo em seguida, provavelmente acessaremos a tristeza, a nossa vulnerabilidade, nossa criança internalizada que pode ser uma criança solitária, negligenciada, abandonada ou até abusada.

A questão é que esse acesso é doloroso e a tristeza nem sempre é acolhida. Nesse caso, a raiva vem pra defender, proteger para nós mesmos não acessarmos essa dor ou para o outro não percebe-la. Um outro grande equívoco: tristeza ser sinônimo de fraqueza, entrando para o rol de emoções que refutamos.

Acolher a raiva também pode parecer impossível, pois sabemos que a raiva afasta as pessoas, e pra própria pessoa pode gerar sentimento de culpa. Sendo essa a questão, você tem todo direito de sentir raiva. Não significa estar certo ou errado, mas ter esse direito de vivenciar algo que é da nossa natureza.

Então vamos agora sair por aí expressando toda raiva que sentimos? Sim e não. A raiva precisa ser expressa, mas a forma de expressão precisa ser adaptativa, e não violar o direito e a segurança sua e dos outros. Canalizar sua raiva para socar um travesseiro, correr, nadar, murmurar no chuveiro, apertar uma bolinha, enfim as possibilidades são muitas e você precisa eleger o que combina mais com seu estilo de ser.

Marshall Rosenberg com sua experiência e estudos trouxe para nós, de forma muito acessível, a Comunicação Não Violenta (CNV). Um dos princípios que defende é que quando temos nossas necessidades atendidas acessamos sentimentos como alegria, gratidão, confiança, entre outros, porém quando o contrário ocorre acessamos sentimento como angústia, irritação, etc. Sendo assim, segundo Marshall “usamos a raiva para nos ajudar a chegar às necessidades que não estão sendo atendidas”.

Se usarmos a raiva como um sinalizador de que nossas necessidades não foram atendidas, se compreendermos, acolhermos e a extravasarmos de maneira mais assertiva, conseguimos acessar a real falta. A partir daí usando uma comunicação efetiva a partir das necessidades, conseguiremos tê-las mais facilmente atendidas, para tal princípios da CNV são muito funcionais.

Estou no Instagram: @vinculos.psi
Natasha Taques

Natasha Taques

Psicóloga clínica (CRP-15/6536), formada em Terapia do Esquema pelo Instituto de Educação e Reabilitação Emocional (INSERE), Formação em Terapia do Esquema para casal pelo Instituto de Teoria e Pesquisa em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (ITPC).