Desde 2003, o dia 10 de setembro foi escolhido como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Sendo a partir de 2015 adotado como uma campanha mensal no Brasil. O assunto é importante e, por este motivo, convidei a psicóloga Huíla Gonçalves, especialista em luto, para falar sobre o luto em casos de suicídio.
Segundo a OMS, 9 em cada 10 suicídios podem ser evitados. Porém, para que isso ocorra é necessário a identificação precoce em relação ao risco, capacitação profissional dos envolvidos e campanhas informativas que desmistificam o comportamento suicida.
Cabe ressaltar que absolutamente ninguém previne o suicídio sozinho. Estima- se que para cada uma pessoa que morre por suicídio, 6 outras são afetadas pela perda, os chamados sobreviventes. É sobre a dor deles que falarei nesse texto.
Perder alguém parte o coração, tira o chão; por suicídio, então… Vem o tabu em torno da morte, o estigma sobre o suicídio, os olhares até acusadores. Mais uma camada de dor -e quanta dor!
O luto por suicídio é diferente dos outros lutos. Ele pode não encontrar espaço para ser legitimado, afinal, como sofrer por alguém que escolheu tirar a própria vida?
Tendo como ponto de partida que quem provoca a própria morte não deseja acabar com a vida, mas sim quer findar um intenso e grave sofrimento. Não é um ato de covardia ou coragem, mas de muita dor, angústia, desesperança.
Que dor é essa que só me resta a morte como alternativa? A perda de alguém pode vir acompanhada por diversos questionamentos, e na perda por suicídio não é diferente.
A sensação de que poderia ter evitado; a culpa de como não percebi nenhum sinal ou até mesmo a raiva- “Ele(a) não pensou na dor que nos causaria”, “Como ela(e) pode fazer isso comigo?” .
É comum os sobreviventes se sentirem estigmatizados como “problemáticos”, “doentes”; e aqui nasce um fator que dificulta a expressão do luto, um ambiente que dificulta que o enlutado fale sobre a sua dor e perda.
A vergonha, o medo de expor quem morreu ou o julgamento social podem levar os sobreviventes à um isolamento social que pode vir a ser um fator de risco para um luto complicado.
Lembrando que luto não é doença, nem problema a ser superado; mas sim, uma reação esperada diante de um importante vínculo rompido, que não existe um tempo certo para ele acontecer, nem forma certa para vivê-lo.
Luto é subjetivo, e cada indivíduo o viverá de forma única. Nem todos que vivenciam o luto após um suicídio precisaram de ajuda profissional, e como podemos distinguir? Observando se há avanços no fluir da vida, em relações, projetos aos poucos estão sendo retomados.
Os motivos para ocorrência de um suicídio são complexos. O impacto gerado na vida de quem fica imensuráveis, exigindo uma grande reorganização. Perder alguém de forma abrupta dói, assusta, gera raiva, rasga o peito, mas lembre que você não precisa passar por isso sozinho. Busque ajuda profissional sempre que precisar.
–
Texto colaborativo com a @psicologahuila – Estou no Instagram: @vinculos.psi
–