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No outubro rosa, as campanhas de prevenção ao câncer de mama são voltadas para mulheres cisgênero, mas é importante lembrar que pessoas trans também podem ter câncer de mama e precisam prevenir a doença. O Eufêmea conversou com a médica mastologista Jéssica Moreira que fez um alerta sobre o assunto e explicou como as pessoas trans podem se cuidar.
Segundo a médica, homens trans que não passaram pelo processo de mastectomia para redesignação de gênero devem realizar mamografia de rotina anual, a partir dos 40 anos de idade.
Questionada sobre os riscos para o desenvolvimento de câncer de mama, a especialista informa que existem vários fatores associados ao desenvolvimento da doença. “Dentre os principais, temos mutações genéticas que favorecem o surgimento do câncer hereditário, mulheres que menstruam cedo e que tem menopausa tardia, sedentarismo, obesidade, entre outros”.
Jéssica explica que homem trans, ou qualquer pessoa com ovário, que já realizou a mastectomia masculinizadora, possui risco reduzido de desenvolver câncer de mama, “porém não é nulo”.
“Como a realização de mamografia fica tecnicamente prejudicada, já que o tecido mamário está reduzido após a cirurgia, recomenda-se exame clínico anual com o mastologista a partir dos 50 anos de idade”, diz.
Já para homens trans ou pessoas que nasceram com ovários e não fizeram mastectomia masculinizadora, ela declara que o exame mais indicado de rotina continua sendo a mamografia anual, além do exame clínico periódico.
Enquanto para mulheres trans e travestis, Moreira esclarece que, nesse grupo, o uso de hormônio estrogênio para feminização e reafirmação de gênero pode aumentar o risco de surgir o câncer de mama, apesar do risco ainda ser menor do que na mulher cisgênero.
“Mulheres trans em uso de hormônios precisam ser acompanhadas, com recomendação de exames de rotina anual, como todas as mulheres”, alerta.
Para a mastologista, no Outubro Rosa, a cada ano inclui-se mais os transgêneros nas discussões em campanhas e cuidados com a saúde, “mas ainda temos muito o que acrescentar nesse contexto”.
“Diante desse momento de outubro rosa, é importante deixar claro que as pessoas trans também podem ser acometidas pelo câncer de mama e o cuidado com essa população precisa e deve ser individualizado”, conclui.