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Intervenção militar: historiadora explica o que é e diz que “ela beneficia os mais ricos”

Foto: Cedido

Durante os protestos contra o resultado das eleições, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro pediram intervenção militar. Mas afinal, o que é intervenção militar? Há algum risco de ter intervenção nesse momento? Quem responde é a historiadora Sandra Sena.

Ao Eufemea, Sandra explicou que o que chamam de intervenção militar é a réplica do que houve ao longo da história brasileira. “São golpes militares, onde as forças militares comandam a política, a economia e os costumes, de certa forma. Desde o início da República de 1889, o país sofre essas intervenções. Não é à toa que Marechal Deodoro a proclamou, mas claro que os princípios são outros porque o tempo histórico também é outro”.

Ela explica que apesar do pedido, não há risco para outra intervenção militar nesse momento. “Apesar da última gestão do governo federal ter tentado desmontar o sistema judiciário nacional. A justiça existe e não há espaço para outra intervenção como em 1964”.

Para a historiadora, as pessoas que estão pedindo intervenção militar sabem o que significa. “Pedem porque irão se beneficiar dela, sobretudo os mais ricos”.

Ela relembra a inflação na década de 70 e diz que os preços aumentaram de forma absurda. “Favorecia unicamente ao setor empresarial, enquanto o público passava por um duro desmonte”.

No entanto, ela pontua que pode ter pessoas que “não tem noção do que estão pedindo”. “Pessoas que acham que ditadura militar é não ver pessoas LGBTQIA+ dando beijo em público ou pessoas negras em ascensão. Essas são racistas, machistas e guiadas pelas pautas dos costumes conservadores. Algo que o atual presidente prega bem”, comenta.

Questionada se os movimentos de hoje podem ser comparados aos de 64 e 30, Sandra afirma que sim e explica que “existem grupos anti povo, anti ideias de igualdade”.

“Assim como existiu no período que precedeu 64. Existe no Brasil uma ideia projetada pela colonialidade que transforma um setor da sociedade brasileira em anti direitos sociais, que acham que o poder e os acessos precisam permanecer entre poucas pessoas. Geralmente são ideias propagandeadas pela elite, mas que atingem os setores mais populares”, conclui.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.