Colabore com o Eufemea

‘Sensação terrível’: Mulheres relatam assédio após anúncios patrocinados no Instagram

Foto: Reprodução/Internet

Foi com a intenção de ganhar seguidores nas redes sociais e divulgar seu conteúdo para mais pessoas que uma advogada alagoana investiu em tráfego pago (anúncios patrocinados) para o Instagram. O que ela não contava era que receberia mensagens de assédio e uma ligação via WhatsApp que fez com que ela registrasse um boletim de ocorrência.

NOTA: O tráfego pago é aquele cujo fluxo de visitantes provém de anúncios patrocinados.
 
“Um dia após o início da campanha comecei a receber várias mensagens de homens me assediando, querendo me conhecer, me chamando de linda, ‘docinho’, princesa”, contou ao Eufêmea, pedindo para não ser identificada.
 
Isso a assustou, mas ela ignorou as mensagens. “Até que um me ligou de chamada de vídeo. Como eu peguei o celular rápido porque estava no carro, não vi que era vídeo e quando aceitei, ele estava se masturbando”.
 
A advogada alagoana contou que ficou nervosa, desligou a ligação, fez uma denuncia ao WhatsApp e bloqueou o contato.
 
“A sensação é terrível. A pessoa se sente um objeto. Uma nada”, desabafou.
 
Ela contou que estava divulgando o trabalho dela com um vídeo institucional. “Estava usando uma roupa formal, falando de conteúdo relacionado a minha profissão e recebo isso em troca”.
 
Após o que aconteceu, a advogada — que não reside mais em Maceió — registrou um boletim de ocorrência na delegacia da cidade que mora e foi informada que isso pode ser um novo golpe.
 
“A delegada disse que isso pode ser um novo golpe, já que tem alguns homens fazendo isso: a mulher aceita a ligação, o cara tira print do seu rosto vendo ele se masturbar, e ele usa isso depois para chantagear. Foi essa informação. Ou seja: além da perversidade, ainda tem a chantagem do homem que vai querer divulgar essa imagem”, revelou.
 
O caso da advogada não é isolado. Em Maceió, uma artista que também não quis ser identificada contou que após fazer anúncios via tráfego pago, ela recebeu mensagens de assédio.
 
“Muitos homens me assediando, me chamando de gostosa, dizendo que queria me pegar na cama. Foi horrível. Eu criei trauma e não quero mais investir nisso”, disse.
 
Ela não levou o caso à polícia, mas disse que ser mulher é difícil até quando é para trabalhar. “É doloroso imaginar que não podemos sequer divulgar nosso trabalho. Estamos desprotegidas em todos os lugares. Isso me faz pensar o quanto ainda precisamos avançar”.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.