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Alagoana conta experiência na Copa do Mundo no Catar: “a gente se abraça e lembra que não pode demonstrar afeto”

Choque cultural, vestimentas e tradição religiosa. Essas foram as principais diferenças sentidas pela alagoana Luana Sampaio, de 22 anos, que viajou para o Catar que sedia a Copa do Mundo de 2022. Ao Eufêmea, a arquiteta e urbanista falou sobre as diferenças culturais e presença feminina no país.

Luana e sua família decidiram viajar ao Catar, por quatro dias, para assistir a seleção brasileira em campo. Durante o processo de planejamento até a chegada ao país, eles buscaram entender os costumes, tradições e o que o turista não pode fazer.

Presença feminina nos estádios

No Catar, não há restrições para mulheres nos campos de futebol. O acesso ao público feminino é permitido desde 1998. No entanto, as barreiras culturais e religiosas impedem e dificultam a presença feminina.

“Para nós, mulheres, é uma conquista muito grande estarmos em lugares que são rotulados, muitas vezes, por serem lugares masculinos”, relata a alagoana.

A presença feminina também ganhou destaque com o trio feminino de arbitragem composto por Stéphanie Frappart, Neuza Back e Karen Diaz Medina. Elas fizeram história por serem as primeiras mulheres árbitras a comandar um jogo da Copa do Mundo masculina de futebol.

“Ter árbitras apitando e participando de jogos da copa masculina é um orgulho para nós. Tudo isso é motivo de muito orgulho por com certeza terem passado por muito preconceito para chegar até aqui”, afirma Luana.

Choque cultural

A arquiteta contou que sentiu o impacto da diferença cultural quando recebeu olhares diferentes de alguns Qataris presentes na torcida dos jogos.

“Entendi que são culturas diferentes e que também não me cabe julgar o porquê deles olharem estranho porque não faz parte da cultura deles é que é meio que tudo novo, mas respeito acima de tudo!”, disse.

De acordo com a alagoana, o processo de adaptação cultural foi difícil, já que a família tem o costume de demonstrar afeto em público. “No Qatar é proibido qualquer forma de demonstração de carinho em público, até um simples aperto de mão. Às vezes a gente se abraçava e logo lembrava que não podia, já soltava”.

“O pessoal lá também é muito educado. Quase sempre quando andávamos nos metrôs e todos os assentos estavam ocupados, muitos homens se levantavam para nos dar espaço para sentar e eles ficavam em pé”, conta.

Vestimenta para mulheres

Foto: Cortesia ao Eufêmea

Questionada sobre a vestimenta, ela conta que para as mulheres brasileiras é mais complicado, uma vez que o uso de short e regata é proibido, pois a cultura estabelece que mulheres usem roupas abaixo do joelho e que cubram os ombros e o colo.

“No calorão de lá, a vontade era usar short e regata, mas entendemos também que tem que respeitar a cultura local, apesar de ter visto mulheres lá com shorts bem curtos”, conta.

“Não tive tanta mudança no estilo de se vestir, então foi bem mais tranquilo pra mim. Geralmente sempre uso calça e camisa regata quase todos os dias, então só a camisa que tive que mudar. De resto foi bem tranquilo. Mas às vezes tinha receio de usar boné ou até alguma camisa que era um pouco mais fresca pelo fato de não saber se para eles era desrespeito ou não”, continua.

Ela expõe ainda que a primeira impressão no Catar foi de ser uma cidade extremamente limpa, com pouca vegetação e com muitos prédios altos. “A arquitetura é encantadora. Muitos prédios modernistas, uma arquitetura bem futurista, construções orgânicas, imponentes e inovadoras. Características da arquitetura grega também é um urbanismo de se admirar na cidade”, conclui.

Rebecca Moura

Rebecca Moura

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.