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Nordestina cria startup de vinho em lata após 11 anos na Ambev: “prático, sem formalidades e sem rituais”

Após trabalhar 11 anos na área de marketing da Ambev, a nordestina Jaqueline Barsi, 36 anos, decidiu embarcar no mundo do empreendedorismo. Apaixonada por vinhos e harmonização, a cearense optou por descomplicar o consumo da bebida e apostar em vinhos em latas.

Ao Eufêmea, Jaqueline conta sua trajetória no empreendedorismo para levar aos consumidores os mais variados vinhos brasileiros de maneira prática e simples.

Durante o período na Ambev, Barsi morou em São Paulo e trabalhou na comunicação de marcas conhecidas nacionalmente, como Skol e Guaraná Antarctica. No auge de sua carreira, ela não pensava em mudar de vida, até que, com a pandemia, Jaqueline se afastou do ambiente corporativo e decidiu morar no Rio Grande do Sul, onde iniciou seu sonho.

“Na época em que morei lá, eu vivia pegando a estrada, batendo na porta das vinícolas, me apresentando e ouvindo a história de algumas famílias compostas por produtores e enólogos. Eu já era apaixonada por vinhos e entusiasta há algum tempo, mas sempre como consumidora, nunca como especialista”, relata.

Pequenos produtores

Ao conhecer as vinícolas geridas por pequenas famílias, ela percebeu que queria causar impacto na vida das pessoas através da curadoria dos vinhos, para apresentar em maior escala.

A ideia era apresentar a cada ano, novas edições de vinhos, novos perfis de líquido para as pessoas conhecerem. Jaqueline tinha como foco criar uma marca que pudesse expandir os vinhos brasileiros. Assim, ela resolveu se especializar e aliar o conhecimento em marketing com o conhecimento dos produtores na elaboração dos vinhos e assim nasceu a Artse Vinhos, em setembro de 2021.

Foto: Cortesia ao Eufêmea

“Foi quando conheci as mais diversas micros vinícolas e comecei a me apaixonar pelas histórias das famílias que vivem a sua vida a partir da colheita e vinificação e comecei a perder o preconceito que eu tinha com os vinhos brasileiros. Foi a partir daí que eu decidi assumir outra direção na minha profissão e definir eu mesma os próximos passos da minha carreira”, relata.

Descomplicar o consumo de vinhos

Barsi voltou para São Paulo para se dedicar à fase de pesquisas de mercado e curadorias. Com as primeiras amostras de vinhos desenvolvidas, ela selecionou mulheres desconhecidas, entre 25 e 45 anos, para enviar os vinhos e colher feedbacks.

“Foi nessa fase que conheci a Izabela Dolabela, a minha sócia na marca. Foi uma grata surpresa porque ela foi indicada por um amigo em comum para ser entrevistada nessa fase de pesquisa e foi uma conexão imediata, a partir desse dia convidei ela para fazer parte e ela topou o desafio”, diz a empresária.

Segundo Jaqueline, “as pessoas hoje em dia querem praticidade, além da possibilidade de consumir vinho de forma mais consciente, em menores doses. O vinho em lata também era uma forma de tornar o consumo de vinho individual e de evitar o desperdício para aqueles, que assim como eu, não conseguiam beber uma garrafa de vinho só”.

A Sommelier pontua que a lata é um jeito de democratizar o consumo de vinhos, tornar mais acessíveis, simplificar o hábito e oferecer doses únicas. “Deixar tudo mais prático, sem formalidades e sem rituais.”

“Empreender é solitário”

Questionada sobre os impactos emocionais com a mudança de profissão, Jaqueline destaca as dificuldades encontradas e analisa que o empreendedorismo provocou a sensação de angústia, libertação, aprendizado e satisfação.

“Foi difícil. A folha em branco de um novo capítulo desconhecido traz o pior e o melhor à tona, parece contraditório mas é real. Empreender é solitário, uma montanha-russa de verdades e consequências. Sempre tive medo da montanha-russa, mas a sensação depois de ir era muito boa para não arriscar. Então resolvi embarcar mesmo com frio na barriga”, conclui.

Rebecca Moura

Rebecca Moura

Estudante de jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas. Colaboradora do portal Eufêmea.