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Mulheres comemoram o retorno do carnaval e alertam para prevenção ao assédio

Foto: Prefeitura de Maceió

Nesse carnaval, os foliões voltam às ruas após dois anos sem festividade devido a pandemia do coronavírus. Há quem prefira comemorar a data em casa com a família ou ir festejar no carnaval de rua. Ao Eufêmea, mulheres alagoanas comemoram o retorno e relatam como estão se preparando para a data.

Carnaval com os amigos

Letícia Braga. Foto: Cortesia

A estudante Letícia Braga, 21 anos, conta que geralmente não sai de casa para as festividades carnavalescas. Esse ano, a estudante irá optar por colocar as demandas da faculdade em dia e sair com os amigos.

“Prefiro comemorar com os mais próximos, não tem jeito melhor de passar o tempo do que com aqueles que eu amo. Mas às vezes pode juntar os dois e aproveitar com os que eu amo em um carnaval de rua, juntar o útil ao agradável”, diz a estudante.

Apesar de não ir às ruas celebrar o carnaval, Letícia relata que durante a pandemia do coronavírus sentiu falta de comemorar a data. “Foi muito triste, por mais que eu não seja fã das festas de rua, eu senti muita falta da alegria do clima de carnaval, das fantasias e expectativa que o período do ano traz”, conta.

Durante o carnaval, aumenta o número de mulheres vítimas de violência, importunação ou assédio sexual. Para Letícia, é necessário campanhas de conscientização para “garantir que todos aproveitem o carnaval com segurança, conforto e aproveitem a festa”.

“Eu normalmente me protejo como posso, não deixo de vestir roupas que me fazem sentir bem e nem passo calor com medo dos outros, mas busco sempre estar acompanhada de pessoas ao meu redor e nunca descuidar das coisas que eu estou consumindo, como bebida por exemplo. Busco sempre ficar atenta ao que está acontecendo à minha volta e se eu percebo que tem alguém sendo importunado eu tendo intervir, mesmo sem conhecer a pessoa”, explica.

“Folia mais reservada”

Já a estudante Letícia Barros afirma que ainda não sabe como irá comemorar a data, mas prefere optar por uma folia mais reservada.

Letícia Barros. Foto: Cortesia

“Prefiro estar perto de amigos, em alguma comemoração privada. Porque não gosto de muvuca”, conta.

De acordo com Barros, o período sem festividades causou a sensação de que a data não era comemorativa. “Me desliguei dos festejos e não celebrei nada”.

A estudante destaca que a conscientização contra assédio e importunação sexual é fundamental para que as vítimas saibam como lidar e proceder com a situação, caso aconteça. “Pretendo evitar ambientes propícios a esse tipo de situação”, conclui.

Sem aglomeração

Fernanda Peixoto. Foto: Cortesia

Fernanda Peixoto, 49 anos, foi criada em Salvador, com um carnaval marcado por blocos de rua, circuitos e trios elétricos. Apesar disso, a dentista afirma que atualmente prefere programas mais tranquilos e sem aglomeração.

Questionada sobre como irá comemorar a data, ela diz que ainda não se sente segura para sair e festejar na folia. “Eu prefiro ainda esse ano me manter mais em casa ou programas que não tem muita aglomeração”.

“Durante os dois anos de pandemia não tive tanto problema de não comemorar o carnaval, apesar de gostar, mas a gente acabou fazendo outras coisas dentro de casa que também me dão o mesmo prazer”, continua.

Época de celebração

Tainá Sarmento. Foto: Cortesia

A estudante de Direito, Tainá Sarmento, 21 anos, relata que irá aproveitar o carnaval com os amigos e tomar os cuidados básicos de higiene para prevenção à covid-19.

“Vou usar álcool gel e outros cuidados básicos, mas não vou me privar como me privei nos outros anos por conta do coronavírus. Pretendo aproveitar bastante”, conta Sarmento.

Tainá relata que tem costume de comemorar a data com os amigos todos os anos, mas durante o período de isolamento social devido à pandemia, não foi possível celebrar a data.

“Foi triste porque é uma época de celebração, de sair, encontrar as pessoas e foi bem ruim não poder fazer isso. Eu prefiro comemorar a data com os mais próximos, mas gosto também de ir para os shows”.

Ela destaca ainda o grande número de assédios sexuais durante esse período e afirma a necessidade de reforçar a conscientização durante as festas de carnaval

“Está todo mundo ali para aproveitar, para curtir os shows, as festas, só que algumas pessoas não sabem o limite e acabam com a festa das outras. Isso não pode ocorrer”, alerta.

Maceió sem Assédio

Durante as prévias que aconteceram no final de semana, com intuito de garantir o direito à proteção das mulheres em ambientes públicos, a campanha Maceió Sem Assédio, que faz parte do programa Salve Mulher, atuou pela primeira vez nas prévias.

Com um ponto fixo instalado na orla de Ponta Verde, mulheres vítimas de violência, importunação ou assédio sexual podiam contar com as equipes do Gabinete de Políticas Públicas para Mulheres da Prefeitura de Maceió e para receberem acolhimento, informação e direcionamento sobre a realização da denúncia.

O local contava com uma equipe multidisciplinar, composta por advogados e psicólogos. Além do espaço fixo na orla marítima, que vai ficar até o mês de março, a campanha Maceió Sem Assédio estará presente nos cinco polos do carnaval criativo da capital, que abrange Jaraguá, Ipioca, Pontal, Benedito Bentes e Fernão Velho.

Rebecca Moura

Rebecca Moura

Estudante de Jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas e colaboradora no portal Eufêmea, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Sinturb de Jornalismo em 2021. Em 2024, obteve duas premiações importantes: primeiro lugar na categoria estudante no 2º Prêmio MPAL de Jornalismo e segundo lugar no III Prêmio de Jornalismo Científico José Marques Melo.