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Ataques à jornalista Mari Palma colocam (de novo) a mulher como ‘criminosa’ por acabar um casamento

Foto: Reprodução/Internet

Os jornalistas Phelipe Siani e Mari Palma usaram as redes sociais para anunciar o término do relacionamento após cinco meses de casamento e seis anos juntos. Tudo bem, os relacionamentos acabam, mesmo aqueles que achamos que nunca acabariam. Mas esse, em especial, tem mostrado o quão machista e doente é a sociedade: após anunciar o término, Mari Palma tem sido atacada diariamente por vários internautas.

Muitos internautas estão dizendo que Mari Palma é lésbica e que terminou para assumir sua sexualidade. Outros, estão mandando mensagens machistas e ofensivas para ela. Hoje, a jornalista publicou nas redes sociais a mensagem de um internauta dizendo que ela era uma “vergonha para o pai dela”. “Seu pai, Mari, deve estar envergonhadíssimo do lixo de criatura que você se tornou”, escreveu.

Mari se posicionou dizendo que a “corda sempre estoura pro lado da mulher”. E é verdade. Independente do motivo que fez Mari e Phelipe terminarem o casamento, não cabe a NINGUÉM julgá-los. Ou melhor: julgá-la. Sim, leitoras. Esse caso me lembra muito o da cantora Luísa Sonza que foi julgada, apedrejada e que carrega, até hoje, o peso de uma traição que ela não cometeu.

A situação da Mari Palma é a mesma. Usar o nome do pai dela que já faleceu para torturá-la demonstra o quão doente é essa sociedade machista. Quando uma mulher inteligente, bonita, independente, tem coragem de quebrar padrões e não viver o “feliz para sempre”, que o casamento pede, ela se torna alvo de críticas.

Esses críticos não odeiam apenas a Mari Palma. Eles odeiam as mulheres. Sim, eles destilam ódio e vomitam o machismo deles em cima da gente. Tudo isso fruto do patriarcado.

E o que acontece conosco? Continuamos sendo atacadas, humilhadas e colocadas numa posição de que cometemos um crime. Qual o crime? acabar um relacionamento. Mas isso não é crime. Isso não é pecado.

É por isso que em muitos casos vemos mulheres aprisionadas em situações que elas não queriam estar. Não é fácil e não é simples ser uma mulher que tem coragem, que se expõe e que se coloca em primeiro lugar.

A sociedade quer uma mulher recatada, que fique presa a um relacionamento (mesmo se ela não estiver feliz) e que não se exponha tanto. Afinal, é feio mulher se expor, decidir, viver.

Não estamos aqui para suprir necessidades do homem. Estamos aqui para sermos independentes, auto suficientes e felizes. Sim, Mari Palma está buscando ser feliz (com ou sem Phelipe). E isso deve ser respeitado.

Estou no Instagram: @raissa.franca

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.