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Mulher vai à delegacia em Arapiraca prestar queixa contra ex e denuncia ter sido questionada sobre caso: “debochou da minha dor”

Foto: Rogério Nascimento/7 Segundos

Atualizada às 20h50

Uma mulher denunciou ao Eufêmea que não conseguiu fazer boletim de ocorrência na Central de Polícia Civil de Arapiraca e ainda foi questionada sobre a “necessidade” do registro pelo chefe de operações que estava de plantão neste sábado (25).

Ela conta que foi à delegacia para fazer o boletim contra o ex-marido, que teria ameaçado levar o filho deles colocando-o num carro. Além disso, ela alega que foi vítima de violência psicológica por parte dele.

Ela relatou que, após o ex-marido ter ameaçado levar o filho, ela chamou a Polícia Militar, que foi até a residência dela. “Eles me orientaram fazer um boletim de ocorrência contra meu ex, que não aceita a separação”.

Acompanhada de uma amiga, a mulher procurou a Delegacia da Mulher, que estava fechada.

As duas foram até a Central de Polícia para fazer o boletim de ocorrência. De acordo com ela, na triagem, que foi realizada na frente de todos que estavam esperando, a mulher disse que o agente começou a questionar o caso dela.

“Ele começou a dizer que meu caso não configurava agressão porque o meu ex era pai da criança e ele tinha direito de levar a criança para passear. Ele disse que não tinha necessidade de registrar um boletim de ocorrência”, contou a mulher.

A amiga dela, indignada, começou a questionar o agente perguntando se ele deveria perguntar aquilo mesmo e na frente de todo mundo. “Ele disse que não tinha estrutura na sala de triagem e que precisava atender ali porque era o que a instituição oferecia”.

Em uma gravação feita pelas duas e enviada com exclusividade ao Eufêmea, o agente pergunta se houve algum tipo de ameaça e “como foi a violência psicológica”. Ele continua dizendo que, “caso elas queiram um atendimento especializado e mais detalhado, busquem a Delegacia da Mulher”.

“Fui humilhada”

À reportagem, a mulher disse ainda que sentiu que sua dor foi menosprezada e que ela, a todo momento, se sentiu humilhada.

“Fiquei me sentindo no chão por tudo que passei hoje. Criei uma expectativa de que teria segurança e resguardaria minha vida, e a vida do meu filho, mas fui ainda mais ameaçada e maltratada”, afirmou.

“O país que a gente vive é um país para homem porque a mulher não tem direito a ter uma delegacia 24 horas”, lamentou.

Ela acrescenta dizendo que teve o direito recusado e que deixou a delegacia mais insegura do que quando chegou. “Foi horrível ouvi-lo menosprezar a minha dor. Ele simplesmente me ouviu na frente de todo mundo e debochou da minha dor”.

Ainda segundo ela, o chefe de operações ouviu a história, mas não registrou o boletim. “Ele saiu para levar a filha em casa, nós ficamos esperando e ele não voltou”.

Sem o boletim de ocorrência, a mulher voltou pra casa, e fez o BO online. “Foi o que deu pra fazer”.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas lamentou o ocorrido e ressaltou que as políticas de proteção à mulher são prioridade. 

A SSP disse que Arapiraca conta com uma Delegacia da Mulher, que funciona de segunda a sexta-feira. 

Com relação ao fato envolvendo o agente policial, a Polícia Civil possui uma Corregedoria que apura de forma administrativa a conduta de seus servidores e está à disposição do cidadão que queira denunciar alguma conduta errônea por parte de um agente de segurança.

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Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.