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Após diagnóstico de fibromialgia, empreendedora encontra no ramo de licores um propósito para continuar: “O amor ao negócio é o que me move”

Foto: Arquivo pessoal

Após receber um diagnóstico de fibromialgia, há 6 anos, a empreendedora Susanna Albuquerque decidiu apostar na produção de licores artesanais, abrir a Anis Estrela e conquistar a independência própria. Ao Eufêmea, ela conta sobre a carreira na gastronomia, o preconceito que sofreu por ser uma mulher no setor de bebidas e como “superou” uma deficiência para fazer o que ama.

Susanna se formou no curso de gastronomia em 2016, fez pós graduação em Docência do ensino superior e hoje é instrutora de gastronomia no Instituto de Gastronomia das Américas (IGA). Foi durante todo esse processo que se apaixonou pela coquetelaria e fundou a Anis, seu primeiro empreendimento.

Foto: Arquivo pessoal

“Comecei a produzir para festas, amigos, para dar de presente, todos gostaram e pediam mais, então, resolvi criar uma marca de licores diferenciada, aliada a cultura e exaltando as mulheres”.

Ela explica que cada sabor tem nome e história, enaltecendo uma musa brasileira. “Prezo pela qualidade dos ingredientes e o ser sustentável. Sou nordestina com orgulho, alagoana, mulher brasileira”.

“Já duvidaram que era eu mesma que preparava”

Ela conta que já sofreu muito preconceito por ser mulher no ramo de bebidas. “Já me negaram trabalho de bartender em um bar porque não ‘era lugar de mulher’”.

“Já sofri preconceito por ter uma marca de bebidas e não ser levada a sério até provarem meus licores. Já duvidaram que era eu mesma que preparava. Tenho dificuldade até hoje de fechar negócio com bares e restaurantes que tem a maioria homens como donos ou gerente. E dificuldade em encontrar ingredientes diferentes aqui no Estado”, completa.

Atualmente, a empreendedora é a única responsável pela marca. “Mas tenho pessoas queridas, criativas e talentosas ao meu lado me incentivando e acreditando no meu potencial”.

De acordo com Susanna, o objetivo é montar uma fábrica, com outras mulheres, para reapresentar a cultura do licor artesanal aos mais jovens. “E não perder essa herança tão encantadora que é a arte de produzir licores com qualidade, aliada a cultura brasileira. E ainda trazer sabores exóticos”.

“A Anis Estrela mudou minha forma de ver o mundo, me possibilitou conhecer pessoas incríveis na minha trajetória e aprender a valorizar mais nossa cultura e o pequeno produtor. Ajudar quem caminha ao meu lado a crescer junto e ter mais oportunidades nesse país”, diz.

“Tinha dias que nem sair da cama conseguia”

Um ano antes de iniciar a produção de licores, em 2015, Susanna foi diagnosticada com fibromialgia. Ela conta que apesar de sempre ter apresentado alguns indícios, só nesse período descobriu a deficiência.

“Estava no meio da faculdade de gastronomia quando desencadeou, tive fortes crises dolorosas no corpo todo que me impediam de executar tarefas simples do dia a dia”.

Ela conta que demorou cerca de um ano para fechar o diagnóstico. “Fiz muitos exames e vivia em hospitais e emergências. Foi complicado acompanhar o curso, mas tive ótimas pessoas e professores ao meu lado que me incentivaram e ajudaram a chegar até a sala de aula”.

Até hoje, a empreendedora precisa de acompanhamento regular com uma médica reumatologista e faz uso diário de medicamentos. “Tinha dias que nem sair da cama conseguia. A fibro é uma síndrome dolorosa que acomete vários sistemas do corpo, não se sabe ao certo como surge e não tem cura, é crônica. A principal característica é a dor, muitas vezes incapacitante”.

Susanna explica que a cozinha exige muito do corpo, com horas de trabalho em pé, no calor do fogão. “Então, vi na coquetelaria uma oportunidade de trabalho. E a Anis Estrela me deu um propósito maior para continuar. Onde eu poderia fazer meus horários e adaptar às minhas condições. O amor ao negócio é o que me move”.

Fibromialgia é considerada deficiência

Desde maio do ano passado, a fibromialgia passou a ser considerada deficiência, de acordo com a Lei (11.554/2021) do deputado estadual Dr. João (MDB/MG). A norma determina que as pessoas que sofrem da condição podem ter os mesmos direitos estabelecidos em outras leis estaduais que tratam do assunto.

Dentre os benefícios estão: estacionamento em vagas específicas; isenção de IPVA; isenção de impostos como IPI, IOF e ICMS na compra de veículo; entre outros.

Maria Luiza Lúcio

Maria Luiza Lúcio

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