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Jornalista, maratonista e secretária do Gabinete Civil: Luiza Barreiros fala sobre representatividade feminina e projetos para o estado

Foto: Arnaldo Medeiros

Alagoas é o único estado em que há paridade de gênero nas secretarias. Das 27, 14 são comandadas por mulheres. O Eufêmea iniciou uma série de entrevistas com as secretárias que comandam tais pastas.

A décima entrevistada é a secretária do Gabinete Civil, Maria Luiza Barreiros. Ao Eufêmea, a jornalista destaca a maioria feminina nas secretarias do Estado de Alagoas. Ela também conta sua trajetória como jornalista e maratonista.  A secretária também explica o que os alagoanos podem esperar da sua gestão.

Confira a entrevista completa abaixo:

Quem é Luiza Barreiros?

Sou uma jornalista alagoana, que sempre vivi e atuei profissionalmente em Maceió, e estou, atualmente, no cargo de secretária-chefe do Gabinete Civil do Governo de Alagoas. Sou uma das 14 mulheres integrantes do secretariado de maioria feminina no governo Paulo Dantas. Tenho 50 anos, sou casada há 30 deles com o Xisto, com quem construí uma família com a qual faço questão de estar sempre que possível. Sou avó e adoro essa condição.

Sempre gostei muito de trabalhar. Sou daquelas que se anima para sair de casa para o trabalho e que quando estou lá, me dedico integralmente. Chamam isso de “workaholic”, mas não gosto muito da expressão. Mas acho que é meio por aí e às vezes tento me policiar.

Além de família e trabalho, outra característica que me identifica é a prática de corrida. Sou uma atleta amadora que se orgulha muito por ter completado 8 vezes os 42,195 km de uma maratona. A corrida me define de certa forma, porque tomei para mim há alguns anos a meta de completar uma maratona por ano e para alcançar esse objetivo, preciso ter resiliência, disciplina, determinação para acordar muito cedo (mesmo tendo que às vezes dormir muito tarde) e tentar ter hábitos mais saudáveis.

Sou formada pela Ufal, trabalhei durante anos como repórter e editora, dedicando-me especialmente às áreas de Política, Economia e Justiça, tendo passado pelo O Jornal, Tribuna de Alagoas, Gazeta de Alagoas e TV Gazeta. Desde 2007 passei a atuar na área de assessoria e gestão de Comunicação em instituições como a Secretaria de Estado da Fazenda, Ministério Público Federal, Ordem dos Advogados do Brasil, Câmara de Maceió e Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região. Além de ter aprendido muito nesses locais, construí boas amizades, que considero o maior ativo que a gente pode obter em tudo que nos propomos a fazer. Desde maio do ano passado, aceitei meio que no susto o convite feito pelo governador Paulo para assumir o grande e honroso desafio de ser secretária de Estado.

Alagoas é o único estado com paridade entre homens e mulheres no secretariado. O que isso representa para você?

Desculpa corrigir, mas não temos apenas paridade, temos maioria. Somos 14 mulheres entre 27 secretários de Estado. Alagoas saiu na frente na primeira gestão do governador Paulo e de longe, não havia nada parecido no País. O nosso secretariado feminino passou a ser referência, fazendo com que outros gestores e os governos eleitos em 2022, passaram a ser cobrados no item paridade de gênero. Alguns levantamentos feitos pela imprensa nacional mostram que os estados mais bem posicionados nesse aspecto são Pernambuco, com 14 homens e 13 mulheres, o Ceará com 16 homens e 16 mulheres e o Amapá, que tem 16 homens e 15 mulheres no secretariado. A gente morre de orgulho de estar fazendo história em nosso País.‌

Eu me sinto honrada, principalmente porque a composição do secretariado do governador Paulo Dantas é muito representativa, especialmente para as meninas e mulheres alagoanas, que podem olhar para os espaços de decisão e se enxergar em secretárias de Estado com as mais diversas atribuições e responsabilidades.

Recentemente, eu estive representando o governador em uma solenidade e tanto eu quanto os convidados daquele evento notamos, com estranheza, que eu era a única mulher à mesa. Em uma mesa com 17 representantes de poderes, entidades e instituições, havia 16 homens e apenas uma mulher. As pessoas comentaram, ao final da solenidade, o quanto é relevante este momento da administração pública estadual.

É necessário que o empoderamento das mulheres que hoje destacam Alagoas no cenário nacional deixe de ser exceção e se torne inspiração, referência. Que as instituições passem a valorizar cada vez mais a competência das mulheres. Quando eu assumi o Gabinete Civil, notei que na galeria de gestores da pasta havia apenas uma mulher, [Margarida Procópio, que posteriormente foi também ministra de Estado]. É necessário mudar esse cenário.‌

É muito importante que o Governo Paulo Dantas tenha colocado a diversidade e a inclusão na linha de frente da administração pública estadual e que cada alagoano e cada alagoana se sinta representado e representada tanto pelo governador que elegeram quanto por gestores e gestoras com os quais se identifiquem.

Você foi Secretária-Chefe do Gabinete Civil na primeira gestão do governador Paulo Dantas e este ano foi reconduzida ao cargo. O que os alagoanos podem esperar da sua gestão em 2023?

Trabalho, muito trabalho. Desde o primeiro dia da primeira gestão, enfrentamos muitos desafios e em todos eles temos buscado sempre a melhor solução, com diálogo, compromisso e muito respeito pelo povo de Alagoas. Reafirmo, aqui, trecho do meu discurso, quando representei o secretariado na solenidade de posse da segunda gestão, em 1º de janeiro deste ano.

Temos a nobre missão de melhorar a vida dos alagoanos e tenho muito orgulho de participar de um governo que tem empatia e que não joga para baixo do tapete a dívida histórica da exclusão social a ser vencida por todos. Firmamos um pacto social contra a exclusão e tenho particular alegria por ter sido escalada e fazer parte dessa batalha, que encaramos e vamos honrar com muita responsabilidade.

Você é responsável por comandar, pela segunda vez, um cargo de grande destaque e que possui dentre as funções assessorar o governador. Como é para você ocupar essa posição? Já teve sua competência questionada por ser uma mulher neste cargo?‌

Pessoal e profissionalmente, honra-me poder contar aos meus netos que fiz parte do primeiro secretariado de Estado de maioria feminina no Brasil. E tem sido muito bom ouvir as várias vezes em que o governador manifestou satisfação em trabalhar com nós, mulheres, ressaltando sempre qualidades como competência, organização, dedicação e sensibilidade.

Alguns ainda nos olham com estranheza e nós mesmas, às vezes, nos questionamos diante de alguns desafios, mas a composição desse secretariado com paridade de gênero e a reafirmação dessa decisão representam uma marca forte na administração pública, um recado firme de que nós, mulheres, podemos ocupar qualquer posto. Não apenas por sermos mulheres, mas pela contribuição que possamos dar por nossa formação, nossos valores e nossa competência. Nós estamos prontas para continuar fazendo história.

O Gabinete Civil fez parte da elaboração dos planos estratégicos para os primeiros 100 dias de governo em Alagoas. Quais projetos priorizou neste momento inicial e por quê?

Os projetos que integram o Plano de 100 Dias do Governo de Alagoas representam ações estratégicas de cada órgão e secretaria estadual. O Gabinete Civil, como parte da estrutura de assessoramento estratégico e de relações interinstitucionais do Governo, atua na estruturação e no monitoramento do fluxo de execução desses projetos.

Nesses primeiros 100 dias, foram priorizados projetos mais de 400 entregas relevantes, parte das quais já estavam em execução durante a transição e que mostram a cara do Governo. Assim, priorizamos ações que representassem demandas mais urgentes, demonstrando que o Estado segue ágil, resolutivo e focado no bem-estar social. O Plano de 100 Dias é uma demonstração do Governo que será lembrado por avanços importantes nas áreas social, educacional, no combate à fome, com desenvolvimento social e econômico, garantindo oportunidades, investindo em infraestrutura e na melhoria da qualidade de vida da população.‌

Nosso Plano de 100 dias tem um item muito especial: a reforma da Praça e da Fonte Luminosa aqui da frente do Palácio. Foi um projeto idealizado pelo meu antecessor, secretário Fábio Farias, que nós estamos executando e com que o governador Paulo Dantas presenteará Maceió muito em breve.

Quando recebeu o convite para ser secretária, aceitou de primeira ou teve medo de assumir o cargo? Por que decidiu aceitar?‌

Inicialmente, fiquei apreensiva porque, embora tenha sido gestora de Comunicação em importantes órgãos públicos, o Gabinete Civil tem uma abrangência muito maior do ponto de vista da identidade do Governo, da interlocução deste com outras instâncias administrativas e dentro da própria estrutura governamental.

Então, embora a relação institucional tenha sido parte fundamental da minha prática profissional, a responsabilidade que este cargo enseja, além das próprias questões de gênero, que nos levam, muitas vezes, a nos perguntar se estamos preparadas para ocupar determinados espaços, foram preocupações iniciais. Mas fui convencida pelo próprio governador, de que poderia ajudá-lo no cargo de assessoramento direto.

Hoje tenho certeza de que cada vez que uma mulher se recusa a ocupar determinada posição administrativa para a qual foi convidada e para a qual está apta, cede assento a mais um homem nas mesas de decisão.

Se eu tivesse recusado o convite para ser a secretária do Gabinete Civil do Governo de Alagoas, haveria mais um quadro masculino na galeria da instituição. Então aceitei com a convicção de que este governo está dando uma grande contribuição às mulheres em sua própria composição. É um momento histórico e eu me orgulho de fazer parte do primeiro governo de maioria feminina no Brasil.

Maria Luiza Lúcio

Maria Luiza Lúcio

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