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Uma morte a cada 90 minutos: campanha ‘Março Lilás’ busca conscientizar para a prevenção do câncer de colo de útero

Foto: Centro de oncologia do Paraná

Uma mulher morre a cada 90 minutos em decorrência de câncer de colo de útero no Brasil. Somente em 2020 foram registradas 6.627 mortes pela doença.

Ainda de acordo com dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de colo de útero é o terceiro tumor mais frequente na população feminina e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.

Levando-se em consideração que, por ano, são estimados 17 mil novos casos pelo Instituto, não é difícil calcular que cerca de um terço das mulheres diagnosticadas vão a óbito.

Os números são impactantes, principalmente quando se tem em mente que é possível prevenir a doença, grande parte dessas mortes poderia ser evitada com um exame simples de rotina.

E é para chamar atenção aos dados alarmantes e levar conscientização sobre a importância da prevenção que, neste mês, em alusão ao mês da mulher, ocorre nacionalmente a campanha Março Lilás.

Em Maceió, as ações tiveram início na última sexta (10) e vão até o dia 31, contemplando diversas atividades de sensibilização de usuários dos serviços municipais de saúde. De acordo com a gerente de Atenção à Saúde da Mulher, Suzângela Mendonça, o slogan ‘Bem Me Cuido, Bem Me Quero’, traz consigo o pronome na primeira pessoa para evidenciar o chamado para o amor-próprio e o cuidado consigo mesma, com a própria saúde.

“Durante todo o mês, a campanha contará com uma programação extensa em todos os Distritos Sanitários, no qual todas as unidades de saúde de Maceió estarão promovendo vários serviços de prevenção destinados ao público feminino, para que todas as mulheres tenham o acesso facilitado ao cuidado preventivo da assistência em saúde e ao diagnóstico precoce do câncer de colo uterino”, afirma.

Sobre a doença

O câncer de colo de útero é um tumor que se desenvolve a partir de alterações no colo do útero, que se localiza no fundo da vagina. A principal causa desse tipo de câncer é o vírus do HPV (Papiloma Vírus Humano), que se adquire principalmente por via sexual.

Foto: Cedido

De acordo com a ginecologista e obstetra, Dra. Cristina Cabus, é preciso se observar os fatores sociais que aumentam o risco. “O início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros, tabagismo, podem aumentar o risco. Há ainda, a possibilidade de desenvolvimento da doença sem ser por meio da infecção pelo HPV, por infecções por repetição, por exemplo, mas é muito raro, sendo o vírus por via sexual sua principal causa”, afirma.

Prevenção

Uma das principais formas de prevenção contra esse câncer é a vacinação contra o HPV, que reduz a chance do desenvolvimento de lesões do colo uterino induzidas pelo vírus.

“A vacina deve ser tomada principalmente quando criança, levando em conta que a vida sexual tem iniciado cedo. Existem, atualmente, mais de 140 tipos diferentes de HPV e a vacina não previne contra todos, mas há a proteção contra os mais perigosos, então já é um bom reforço na luta contra a doença”, afirma a Dra. Cristina.

A vacinação já faz parte do Calendário Nacional de Imunização do Ministério da Saúde e é voltada para meninos com idades entre 11 a 13 anos e meninas de 9 a 14 anos.

“Tão importante quanto a vacina é fazer uso de preservativos para evitar o contato e transmissão do vírus, além disso, é necessária a realização anual de exames preventivos anuais, como o conhecido Papanicolau, desde o momento em que se tenha vida sexual ativa”, completa a ginecologista.

A detecção e o tratamento de alterações causadas pelo HPV, antes de se tornarem câncer, por meio dos exames preventivos e procedimentos simples, podem modificar a evolução do tumor e aumentar as chances de cura.
Quando diagnosticado na fase inicial, as chances de cura do câncer cervical são de 100%.

O câncer de colo de útero é silencioso e pode não apresentar sintomas na fase inicial. No entanto, com o passar dos anos, sem tratamento, a doença evolui e pode apresentar sangramento no ato sexual ou espontâneo fora do período menstrual, dor durante o ato sexual.

“Uma vez infectada pelo vírus, hoje ainda não há tratamento para expulsá-lo do corpo, há tratamento para inativá-lo. Por isso que os exames, seu monitoramento frequente, são tão necessários”, reforça Cabus. “Ainda existe, infelizmente, uma displicência de parte da população em procurar exames e buscar serviço médico. Claro que sabemos de toda a dificuldade de acesso ao serviço público, mas também falta conscientização dentro de casa. Com o passar dos anos, é natural que o acesso à informação e à saúde vão ficando maiores, então a tendência é de que a incidência da doença vá diminuindo”, encerra.

Confira a programação completa da campanha Março Lilás da Prefeitura de Maceió

10/03 – Dia “D” nas Unidades de Saúde do 1º, 3º e 7º Distritos Sanitários;

11/03 – Março Lilás no PAM Salgadinho (Poço);

12/03 – 8h – Abertura oficial da Campanha Março Lilás, na Rua Aberta (Orla de Ponta Verde);

17/03 – Dia “D” nas Unidades de Saúde do 4º, 5º e 8º Distritos Sanitários;

18/03 – Março Lilás no PAM Salgadinho (Poço);

24/03 – Dia “D” nas Unidades de Saúde do 2º e 6º Distritos Sanitários;

25/03 – Março Lilás no PAM Salgadinho (Poço);

31/03 – 8h – Encerramento da campanha no Saúde da Gente Mulher (local a ser divulgado).

Meline Lopes

Meline Lopes

Jornalista, advogada, especialista em comunicação e em marketing digital. Atuou como repórter de televisão durante 9 anos em diversas emissoras do Brasil. É repórter do Eufêmea.