Doze de maio é celebrado o dia internacional da enfermagem. A profissão é sinônimo de cuidado e proteção. E é desse significado que nasce o amor da alagoana Yasmyny. Quando criança, ela passou por diversas internações por problemas renais e dizia ser apaixonada pelas “tias” que lhe tratavam.
“Por conta disso, sempre soube que queria ser enfermeira e cuidar das crianças doentes, assim como cuidaram de mim. Passar na escola de enfermagem da Ufal foi uma das minhas maiores alegrias”, relembra.
Ainda na faculdade, ela iniciou o contato com saúde infantil e logo que se formou foi trabalhar com pediatria em um hospital, na emergência, urgência, UTI pediátrica, mas lá notou a dificuldade de padronização dos processos de atendimento.
“Não havia treinamento, o que afetava diretamente na saúde das crianças”, disse.
Após isso, ela mudou de emprego e foi trabalhar numa UPA em Maceió. Lá, ela percebeu que se destacava nos plantões.
“Um dia recebemos o gestor para fazer acreditação, e ele perguntou se eu topava ser promovida para a área de gestão de qualidade e educação permanente”, disse.
O início da empresa
Após identificar essa necessidade de padronização no mercado, Yasmyny conta que abriu sua empresa focada na gestão de qualidade e treinamentos, a Nucleus. Ela começou a aplicar treinamentos que não eram de fácil acesso. “Tudo o que eu via que era fragilidade eu criava um curso”.
Mulher preta e nordestina, Yasmyny disse que a empresa foi crescendo, assim como os desafios foram surgindo.
Desafios internos
O que Yasmyny não imaginava era que os desafios também seriam internos. No mesmo ano da abertura da sua empresa, em 2018, a enfermeira enfrentou depressão.
“Em dezembro tive um pico depressivo e pensei que não tinha mais como continuar com aquela dor. Tive pensamentos ruins e até ideação suicida. Muitas mulheres não me acolheram”, contou.
Recomeço
Yasmyny conta que começou a se cuidar, se conhecer, conhecer outras pessoas e a se recuperar. Isso a fortaleceu para encarar o desafio humanitário que viria a seguir: a pandemia do coronavírus.
“Vimos colegas da saúde adoecerem, internarem e falecerem sem a gente entender direito o que fazer, como tratar a doença. Colocar colegas em sacos de óbito foi muito pesado”, disse.
“Ao mesmo tempo, esse período foi determinante para a minha empresa. Fomos fazer um treinamento em educação permanente em Tocantins e foi um sucesso; vi ali o meu trabalho dando certo”.
Quando tudo estava despontando, outro desafio: o da maternidade. “Meu filho Rafael é minha vida, mas desde o parto que pude sentir como é a vida de gestora e mãe. Pari e no mesmo dia fui liberar o pagamento da equipe”.
Liderando um time com cerca de 50 colaboradores, a enfermeira especialista em gestão de treinamento vislumbra um grande mercado pela frente para a sua empresa, que já presta serviço em Alagoas e outros estados .
“Depois de tudo o que enfrentei, meu pensamento agora é: daqui pra cima! Sei que em alguns momentos terei que pausar; mas parar, nunca mais!”, completa.