Foto: Cortesia ao Eufêmea
“Ele me ensina a ter mais empatia, valorizar mais as pequenas coisas e a ser eternamente grata”. A frase é a da empresária Eduarda Mendes de Almeida, mãe de Santiago de Almeida Bomfim, de 4 anos, diagnosticado com autismo.
Neste Dia das Mães, o Eufêmea trouxe relatos de duas mães alagoanas que vivem a maternidade atípica.
O diagnóstico
Eduarda contou à reportagem que durante a pandemia, quando Santiago tinha menos de dois anos, ela notou alguns comportamentos na criança e suspeitou que ele pudesse ter autismo. “Ele apresentava atraso na fala e alguns comportamentos característicos”, disse.
A empresária disse que, posteriormente, os professores da escola também suspeitaram. “Procuramos profissionais qualificados e fechamos o diagnóstico nível 2 de suporte (moderado/grave)”.
Desafios da maternidade
A maternidade atípica traz alguns desafios, principalmente para ela que é mãe de primeira viagem. Para Eduarda, o primeiro desafio é entender o que Santiago quer e precisa. “Quero evitar o que gera desconforto para ele”. O segundo desafio é tentar manter a calma e a paciência. “De vez em quando é bem difícil”, desabafa.
E o terceiro, segundo ela, é conciliar a maternidade atípica com as “tantas horas de terapias e demandas da vida profissional”.
Mas mesmo com a jornada exaustiva, muitas vezes, Eduarda aprende diariamente com o filho.
“Ele me ensina a ter sabedoria para agir da melhor forma possível em situações complicadas, mesmo não saindo do jeito que eu gostaria; deixar um pouco o orgulho de lado e pedir ajuda; e entender que sou humana, não sou perfeita. E que sim, eu canso e está tudo bem”, afirma.
Para a empresária, ser mãe de uma criança com autismo não é fácil e isso não deve ser romantizado. “É um desgaste físico, emocional e mental muito grande”. No entanto, ela está aprendendo a mudar conceitos e entendê-lo para ser a mãe que ele precisa.
“Mas mesmo tempo, não mudaria nada nele. Ele é perfeito do jeito que ele é, me faz ser uma pessoa melhor a cada dia Muito carinhoso, amoroso, verdadeiro, transparente. Um ser incrível! Sou muito abençoada em tê-lo como filho”.
“Cada avanço é uma conquista”

A servidora pública Khatleen Souza, 49 anos, tem uma filha chamada Marina Souza, de 21 anos. A busca pelo diagnóstico veio em 2004, mas a confirmação só veio em 2011.
“Observei minha filha aos 2 anos e meio nos primeiros dias na escola, e achei a postura dela atípica (ela se esquivava de outras crianças, não olhava nos olhos das pessoas e oralidade era comprometida). No início achei que era porque ela só tinha contato com adultos”, contou.
Mas no decorrer dos meses, o comportamento da filha persistiu. “Por vontade minha e com apoio das minhas vizinhas e mãe, procurei psicólogo, fono, gastro e neuros”. O pai de Marina não acreditava que a filha tivesse.
“O diagnóstico veio em 2011. Na época era muito difícil e ninguém queria afirmar nada. Mas sempre reiniciava a caminhada. Olhando para trás vejo que foi um grande aprendizado”, disse.
Marina não toma medicação, mas “precisa pelo resto da vida de apoio”. Hoje, a jovem faz faculdade online de Design de animação e interage muito bem com as pessoas.
“Cada avanço é uma conquista sempre. Reconheço que também cometi meus equívocos pela desinformação, mas tudo fez parte da luta”, disse.
A servidora pontuou que todos os dias procura estabelecer um entendimento real das necessidades de Marina. “Existem situações do dia a dia que a deixam mais feliz e outros que desencadeiam nela uma insatisfação. Eu preciso entender o que foi e como posso acolher tudo aquilo para que ela se sinta segura para superar o momento”.
Khatleen disse que hoje entende que todos são diferentes. “O grande passo para uma evolução é a aceitação da família e a partir daí, buscar informação”. Informação essa que ela tenta passar para os seus alunos, já que a servidora pública é professora.
“Tento fortalecer bastante outros pais com a minha experiência, dando uma palavra de apoio a família de crianças autistas que acabo encontrando pelo caminho. A caminhada foi desafiadora, com tantos estudos e médicos até chegar a um diagnóstico”, contou.
Apesar de todos os desafios, a professora garante: “Marina é minha filha e meu grande projeto de vida”.