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“O amor não é coisa de sangue”: mães contam como é realizar o sonho da maternidade pela adoção

“Ele nasceu para mim com 10 meses”. A fala é da psicóloga Regina Japiá, mãe do Matheus, de cinco anos. Desde a infância, Regina se sentia tocada com as histórias de adoção. Quando cresceu e ficou estabilizada profissionalmente, financeiramente e com tempo para se dedicar à maternidade, ela procurou o Juizado e iniciou o processo de adoção.

No entanto, o processo não foi rápido e durou alguns anos. “Estava de férias e havia acabado de pensar: ‘Não vou mais me mobilizar para a adoção. Vou entregar a Deus. Se eu realmente tiver que ser mãe, ele que faça algo'”. Segundo ela, a resposta veio cinco minutos depois. “O Juizado ligou pra mim e disse que tinha chegado minha vez”.

Em uma semana, a residência de Regina mudou. Ela precisou adaptar a casa e montar o enxoval. Mas a chegada do filho foi tranquila. “Desde que nos encontramos tivemos uma conexão afetiva muito e muito forte”.

Ela contou ao Eufêmea que ao mesmo tempo que é a realização de um sonho, vem também a pressão da responsabilidade e o desafio da educação. No entanto, o amor se sobressai.

“É realmente um amor tão grande que não se consegue explicar, só viver”, disse.

Foto: Cortesia

“Ele até hoje foi e é o meu maior professor. Sem perceber, ele me ensina e motiva a ser uma pessoa melhor a cada dia. Me ensina a ser mais paciente, humilde, centrada, cuidadosa, zelosa e tantas outras habilidades. Ele me proporciona viver o papel no qual eu me sinto mais realizada, que é o de ser mãe”, afirma.

Amor além da barriga

A arquiteta Thaisa Sampaio, 44 anos, e o esposo ficaram 1 ano e meio aguardando a chegada da criança (até então, eles não sabiam se seria uma menina ou menino).

Eles optaram no cadastro pela adoção tardia. “Geralmente as pessoas querem um bebê recém-nascido, e isso costuma demorar bastante. Conheço pessoas que ficaram 5 anos na fila aguardando uma criança com perfil assim. O maior desafio foi a espera sem prazo”, contou.

Ela disse que estava feliz no casamento, na profissão, mas faltava algo para completar essa felicidade. Foi em maio de 2017, eles foram chamados pelo Juizado para conhecer a criança.

“Ela morava no abrigo para crianças em vulnerabilidade aqui em Maceió. Foi uma emoção inesquecível aqui em casa. No dia que a vimos no abrigo, ainda não sabíamos se ia dar certo, porque ela precisava demonstrar interesse e confiança em nós”, contou.

O processo de adaptação foi de 15 dias. “Íamos todos os dias no abrigo, e brincávamos, conversávamos. Todo o processo é muito sério, acompanhado por psicólogos e assistentes sociais do abrigo. pessoas que fazem um trabalho divino. São anjos na vida das crianças que foram abandonadas. Ela rapidamente aceitou nossa aproximação, e depois de 15 dias veio em guarda provisória para nossa casa”.

A adoção para a arquiteta foi um presente. “A adoção aconteceu após o dia das mães, eu senti como meu presente de Deus”.

Thaisa Sampaio não esconde o amor que sente pela filha. De acordo com ela, o amor veio de uma forma “que ela nem sabe explicar”.

“Sinto que era necessário passarmos por isso juntas, e provarmos que amor não é coisa de sangue, como se diz. É um amor que só cresce. A gente se abraça todo os dias, até mais de uma vez”, conta.

Ao Eufêmea, Thaisa revelou que ela e a filha brincavam de ‘caber na barriga’. Uma maneira lúdica e acolhedora.

“Eu ficava deitada e cobria ela com o lençol fazendo uma barriga, ela dentro. Era lúdico e acolhedor. As lágrimas sempre viam nos olhos”.

Recentemente, a filha Katelyn queria ter fotos e memórias de quando era bebê. Como elas não tinham, as duas deram um ‘jeito’ de criar essas memórias.

“Fizemos um álbum de desenhos, que eu mesma fiz com situações dela recém-nascida, com 1 ano, com 2 anos, com pessoas da família. Novamente muitas lágrimas de amor infinito em todos nós”, finalizou.

Raíssa França

Raíssa França

Cofundadora do Eufêmea, Jornalista formada pela UNIT Alagoas e pós-graduanda em Direitos Humanos, Gênero e Sexualidade. Em 2023, venceu o Troféu Mulher Imprensa na categoria Nordeste e o prêmio Sebrae Mulher de Negócios em Alagoas.