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Tripla jornada e maternidade solo: técnicas de enfermagem compartilham os desafios da profissão

No dia nacional do técnico e auxiliar de enfermagem, nossa equipe conversou com duas profissionais para ouvir suas histórias, suas conquistas e desafios nesse ofício que se dedica a cuidar da saúde do próximo, e ajudar os demais profissionais do ramo, como os médicos e enfermeiros.

Nayanne passava por dificuldades financeiras e foi motivada por seu pai a buscar o curso para já ter uma profissão e fonte de renda antes de entrar na faculdade. “Comecei a estagiar na Santa Casa e, nessa época, também passei na faculdade de enfermagem. Como técnica trabalhei na emergência pediátrica e obstétrica, UTI geral, cirúrgica”.

“Minha filha nasceu com malformação”

Ela conta que durante a faculdade passou pelo maior desafio da sua vida. “No 5º período engravidei e descobri que minha filha tinha uma malformação genética chamada gastrosquise, veio o medo, vontade de desistir de tudo, porém escolhi continuar por ela”.

“Minha bebê nasceu, teve que fazer cirurgia, ficar intubada, passou por várias provações até a alta. Voltei para a faculdade e ela ia comigo no ônibus do Benedito Bentes lotado”, conta Nayanne. Além desse grande desafio pessoal, ela relembra o pesadelo profissional pelo qual teve que passar, já como enfermeira , três anos atrás. “Lutei e batalhei na guerra contra o invisível na UTI Covid”.

“Hoje sou enfermeira e técnica”

“O diferencial de ser enfermeira e técnica é que conheço a fragilidade e reconheço o trabalho da minha equipe, sempre buscando ser uma líder que ajuda, ensina e incentiva”, completa.

“Maior desafio pessoal e profissional”

Pesadelo semelhante ao relatado pela técnica de enfermagem Maria Priscilla que atua como técnica e servidora pública. “Em 2020, eu vivi meu maior desafio como ser humano e profissional de saúde. Com o enfrentamento da pandemia, o medo, a angústia, chegando a trabalhar em 4 hospitais, cumprindo jornadas exaustivas de 72hs a 84hs longe do meu filho e dos meus familiares, eu tive a certeza do meu propósito, eu estava pronta pronta para ajudar a cada paciente que estava ali, que era o amor de alguém, nem sempre com procedimentos, mas acalmando, dando uma palavra de conforto”.

“Sou mãe solo”

O filho, hoje com 11 anos, é criado sozinho por Priscilla. “Fui mãe aos 29. Quando descobri que estava gestante pra mim foi um baque, mas graças a Deus tive o apoio dos meus familiares e tenho um filho lindo, companheiro, inteligente. Hoje já entende que quando estou um pouco ausente é para dar o melhor pra ele dentro das minhas condições”, afirma.

Maria Priscilla

Como Nayanne, Priscilla também trabalhou em diversos setores como urgência e emergência, clínica médica, geriatria, clínica cirúrgica, pediatria, centro de diagnóstico na área de tomografia e hoje se dedica à faculdade de enfermagem. “Em 2021, passei em um concurso público da saúde, iniciei a graduação de enfermagem com Incentivo das minhas líderes que posso dizer que tenho elas como referência para crescer por reconhecerem meu potencial”, conta.

“Não é fácil”

Mesmo com a tripla jornada e a maternidade solo, Priscilla não desanima e conta que não passa um dia sem lembrar do seu propósito. “Não é fácil ter que trabalhar e estudar, fazer o papel de mãe, agradeço aos meus pais e familiares por me darem um suporte enquanto estou trabalhando”.

“Amo a minha profissão, gosto do que faço e dessa forma espero tocar todas as vidas que recebem o meu cuidado e contribuir com a recuperação de várias pessoas”, completa com orgulho.

Meline Lopes

Meline Lopes

Jornalista, advogada, especialista em comunicação e em marketing digital. Atuou como repórter de televisão durante 9 anos em diversas emissoras do Brasil. É repórter do Eufêmea.