Tudo começou lá na Praia do Francês, num imóvel improvável, que já havia sido alugado outras tantas vezes por diversas pessoas com propostas que não obtiveram sucesso naquele lugar. Por ‘N’ razões já fecharam as portas da garagem que era alugada para fins comerciais, numa casinha estreita de dois andares, localizada na Vila dos Pescadores e a uns quinze passos da areia do mar.
Até que um novo sonho passou a morar ali, trazendo algo inédito. Todo domingo, quem passava pela vila depois de tomar um banho no mar, se deparava com aquele clima gostoso de gente dançando e sorrindo. As meninas com biquíni, um shortinho, o vento balançando o cabelo molhado de água salgada e o pé no ritmo da dança, mesmo cheio de areia trazida da praia.
Grupos de amigos se aproximando com caixa térmica guardando a cerveja geladinha, enquanto todo mundo cantava junto. Foi o samba que contagiou, apaixonou e levou o povo para a frente da garagem, que agora vendia delícias de empanadas doces e salgadas, mas criando espaço também para a arte respirar.
“Quintal Empanadas”: um lugar que não poderia ser só mais um. Gente saindo e entrando para adquirir sua empanada, saboreando na calçada, enquanto prestigia a roda de samba acontecendo bem no meio da rua. A coisa toda tomou uma proporção gigantesca! Turistas, praieiros, moradores de Marechal Deodoro e cidades vizinhas apareciam perto do fim da tarde pra curtir um pagodinho à beira mar.
Com o crescimento disparado, o “Quintal Empanadas” transferiu a organização do samba para a responsabilidade dos músicos que estavam engajados em animar a galera. As empanadinhas também ganharam o coração do povo de Maceió, que já esperava ter mais pertinho de casa o estabelecimento que faz as maiores delícias e reinventa – unindo gastronomia e arte.
O que ninguém imaginava é que as meninas, que são proprietárias do Quintal Empanadas, tinham idealizado coisas que os maceioenses não contemplavam há muito tempo. Quando o Quintal migrou para a capital alagoana, conseguiu colocar num mesmo lugar: comida e clube do livro. Não satisfeitas, Carol Nonô e Ingrid Ferreira também uniram a comida às oficinas artísticas.
São variadas oficinas, desde pintura de ecobag, personalização de vasos de plantas, grafite na parede do próprio Quintal… Uma diversidade de eventos que são oportunidades para quem sempre quis aprender a criar um (ou mais) tipo específico de arte.
Sempre esperei pela existência de um espaço aqui na terrinha para ler livros ao mesmo tempo em que outros também estão lendo e, então, desenvolver conversas gostosas, refletir acerca do assunto que aquela obra literária traz.
Agora tudo isso é possível, num ambiente que tem o mesmo conforto do quintal da nossa casa: cadeiras de praia pra gente sentar e fazer competição jogando as cartas de uno – essa é uma das dezenas de atividades que acontecem por lá.
O Quintal (Empanadas) é o exemplo de que dá pra gente ampliar as possibilidades e criar algo que tem a nossa cara. Aliás, sempre tem alguém no mundo querendo apreciar a cultura do jeitinho que um outro alguém sonhou. As pessoas anseiam que as expressões artísticas ganhem vida e se tornem acessíveis a elas.
Em nome de muitos alagoanos, meu muito obrigada às mulheres incríveis à frente do Quintal Empanadas por preencherem um vazio que existia quando algumas artes ainda eram inacessíveis, mas acreditaram no poder das suas ideias para contribuir com a cultura. Vida longa ao Quintal!
O Quintal se encontra numa rua que fica lá na movimentada avenida da antiga Amélia Rosa. Às garotas interessadas em participar de oficinas, deem uma olhada no Instagram @quintalempanadas. Se deliciem e desfrutem desse ambiente que abriga todas as versões do nosso eu artístico.