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Inteligência Artificial: mulheres podem perder postos de trabalho por causa de novo mercado

Um estudo divulgado recentemente mostrou que mulheres tendem a ser mais afetadas pela substituição de suas tarefas por Inteligência Artificial no mercado de trabalho.

A pesquisa da Kenan-Flagler Business School da Universidade da Carolina do Norte, apontou que, embora superadas numericamente por homens na força de trabalho dos EUA, as mulheres podem ser desproporcionalmente mais afetadas pelo desemprego por conta da tecnologia. 79% por cento das mulheres empregadas nos EUA — quase 59 milhões — estão em postos suscetíveis a interrupções enquanto apenas 58% dos homens viriam a correr esse risco.

Isso se deve à natureza das ocupações que possui base de funcionários majoritariamente feminina, como suporte administrativo; profissionais e técnicos de saúde; educação, formação e biblioteca; apoio aos cuidados de saúde e serviços comunitários e sociais, ainda de acordo com os dados da pesquisa.

A reportagem do Eufêmea conversou com duas mulheres especialistas em tecnologia para ouvir a opinião delas sobre os dados divulgados.

Exclusão digital de mulheres
Foto: Cortesia

Para Gesyca Santos, mestre em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia, e Presidente do Conselho Consultivo de Mulheres na Tecnologia ASSESPRO/AL, CEO da startup Mulheres Connectadas, é importante enfatizar que a IA tem o potencial de trazer benefícios significativos em diversos setores da sociedade.

“Ela possibilita, inclusive, o surgimento de novas profissões. Segundo o relatório do Fórum Econômico, nove milhões de novos empregos serão gerados, e temos que preparar as mulheres para essa transformação que se apresenta”, aponta.

O problema que se levanta é que a criação de empregos em tecnologia também exclui as mulheres que ainda são minoria no setor. A exclusão digital afeta 52% do gênero e a representação feminina é de 20%, apenas, de acordo com dados do Iberdrola e WTime, respectivamente. “Devemos ter uma visão holística para essa discrepância que mostra que há uma desigualdade de acesso à educação no setor”, afirma Gesyca.

Buscar incentivo, mas mudar comportamento
Foto: Cortesia

Alessandra Pontes, mestre em Modelagem Computacional, Doutora em Distúrbios do Desenvolvimento, Lider da Diretoria de Inclusão e Diversidade na ASSESPRO/AL e também CEO da startup Mulheres Connectadas chama atenção para a importância de se investir em educação para igualar oportunidades, sendo possível acompanhar o mercado.

“Temos que preparar meninas desde a base para estarem nesse processo da evolução. Isso inclui o esforço de alinhar as empresas, sociedade e governo aos princípios do ESG (Environmental, Social and Governance) para o impulsionamento em programas de educação em tecnologia, treinamentos, capacitações em alfabetização digital”, afirma.

O olhar deve vir de cima para baixo, no formato de incentivo e políticas públicas, mas ela também ressalta que há a necessidade de uma mudança comportamental das próprias mulheres.

“Isso envolve acompanhar as tendências tecnológicas, buscar oportunidades de desenvolvimento profissional e estar aberta a novas formas de trabalho, aprendendo habilidades técnicas como programação, ciência de dados e aprendizado de máquina, além de desenvolver habilidades interpessoais, criatividade e pensamento crítico”, completa.

A startup

A Startup Mulheres Connectadas encoraja as meninas e mulheres a buscarem carreiras em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) e ter acesso a programas de treinamento e desenvolvimento.

Meline Lopes

Meline Lopes

Jornalista, advogada, especialista em comunicação e em marketing digital. Atuou como repórter de televisão durante 9 anos em diversas emissoras do Brasil. É repórter do Eufêmea.