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Mortalidade feminina: Mulheres têm mais risco de infarto? Veja os sintomas e como prevenir

Foto: Internet

Dor na região peitoral, falta de ar, desconforto nos membros superiores, sensação de desmaios e outros. Esses são alguns dos sintomas de infarto, condição que atinge mais de 400 mil brasileiros por ano. Quando comparado aos homens, o risco de óbito por infarto é 50% maior em mulheres, de acordo com o Ministério da Saúde.

Segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são responsáveis por aproximadamente um terço de todas as mortes de mulheres em todo o mundo, totalizando 8,5 milhões de óbitos anuais, o equivalente a mais de 23 mil mortes por dia. Dentre essas doenças, o infarto destaca-se como uma das principais causas de preocupação, apresentando uma taxa de mortalidade significativamente.

“Nem parecia que eu tinha sofrido um infarto!”
Foto: Cortesia

Cristina Moreira, de 56 anos, foi contra as estatísticas e sobreviveu após o ataque cardíaco. Em 2019, ela buscava uma assessoria especializada em educação física e começou a praticar corrida de rua. No entanto, apenas seis meses após iniciar sua rotina de atividade regular, ela começou a sentir dores e enfrentou uma situação de emergência.

“Eu fui parar no hospital, lá fizeram a primeira triagem e me botaram correndo em uma cadeira de rodas. Quando eu fiz o segundo exame, o médico disse: ‘ela infartou’. Os sintomas não foram muito alarmantes, foi uma dor natural que não passava. Foi tranquilo, meu dia foi tranquilo, normal, tanto é que mesmo com a dor eu consegui trabalhar durante sete horas”, relata ao Eufêmea.

A alagoana foi submetida a um procedimento cirúrgico no qual foram implantados três stents. Dois dias depois, no dia 20 de novembro de 2019, mais dois stents foram colocados, totalizando cinco.

Ela permaneceu internada por oito dias e a recuperação foi considerada um sucesso. “Os médicos alegaram que eu já tinha esse histórico de atividade física. Então me ajudou bastante tanto na recuperação, quanto a passar pelo processo. Nem parecia que eu tinha sofrido um infarto!”.

Herança genética

Cristina conta ainda que antes do infarto já mantinha um estilo de vida cuidadoso por conta do histórico de saúde da família, visitando regularmente seu médico e adotando uma alimentação saudável.

“Os meus pais, todos os dois, morreram de infarto. No meu caso foi realmente de herança genética e não falta de cuidado. Foi porque tinha que acontecer. A atividade física, alimentação e bom sono é super importante. A gente precisa cuidar do corpo e da mente”, recomenda a alagoana.

De acordo com Cristina, a gravidade de sua condição só se tornou mais clara quando retornou para casa e percebeu que poderia não ter sobrevivido. “Eu cheguei no hospital para uma consulta por uma dor e fiquei oito dias. Hoje tenho a oportunidade de cuidar mais de mim, mais do que eu já cuidava antes. Além de ter a oportunidade de estar falando para as pessoas se cuidarem, se darem prioridade”.

“O que aprendi é que não devemos negligenciar os sinais do nosso corpo, precisamos estar atentos e procurar ajuda o quanto antes. Aprendi que nada vale mais que nossa saúde, tudo passa, tudo se resolve, não adianta se estressar, não adianta pressa, tudo tem seu momento certo”, conclui.

Fatores de risco e sintomas
Foto: Cortesia

Eveline Tenório, cardiologista do Hospital do Coração, explica sobre os fatores de risco, sintomas, diagnóstico e tratamento do infarto em mulheres. Ela ressaltou que, embora as causas de problemas cardíacos sejam semelhantes entre homens e mulheres, existem algumas diferenças notáveis.

“As causas de problemas são tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, níveis elevados de colesterol e predisposição familiar, porém nas mulheres o menor calibre das artérias, comparada a dos homens, também constitui um fator que deve ser observado”, explica.

No que diz respeito aos sintomas, Tenório enfatizou que as mulheres tendem a relatar dores nas costas, cansaço, queimação no estômago e náuseas. “Esses sinais, nem sempre reconhecidos e relacionados ao coração, fazem com que as mulheres associem o mal-estar a problemas gastrointestinais ou ortopédicos, o que faz com que
demorem para procurar socorro médico”.

Recuperação e reabilitação

De acordo com a cardiologista, a idade também é um fator a ser considerado. “Após o aparecimento da menopausa. O estrogênio tem função vasodilatadora, evita o acúmulo do LDL, o colesterol ruim, e facilita o HDL, colesterol bom. Mas, na menopausa, período em que as mulheres estão mais velhas e mais propensas a males cardiovasculares, o estrógeno apresenta queda progressiva e diminuição desse efeito protetor.”

Na fase de recuperação e reabilitação após um infarto, é necessário realizar atividades físicas e mentais. “Os programas de reabilitação cardíaca devem envolver profissionais da saúde de outras áreas, como da nutrição, e atividades que reduzam o estresse, como yoga e meditação”, conclui.

Rebecca Moura

Rebecca Moura

Estudante de jornalismo pela Universidade Federal de Alagoas. Colaboradora do portal Eufêmea.