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Mulheres negras: Quem cuida de quem cuida?

No Brasil, pesquisas revelam uma preocupante disparidade no acesso a um atendimento de saúde digno para as mulheres negras, fruto do racismo institucional. É importante destacar que a história do país é marcada por séculos de escravidão e ideologias racistas, o que se reflete nas profundas desigualdades sociais que persistem na atualidade.

O racismo e o sexismo atuam de maneiras distintas na sociedade, resultando em restrições específicas dos direitos das populações vulnerabilizadas. No caso das mulheres negras, elas enfrentam um duplo preconceito, somando os efeitos do racismo e do machismo em sua vida cotidiana.

Citando as palavras da renomada ativista Angela Davis, “quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. Essa afirmação ressalta a importância e o papel crucial da mulher negra na sociedade, especialmente no que diz respeito ao cuidado, seja em âmbito formal ou informal.

Contudo, ao assumir esse papel de cuidadora, as mulheres negras acabam enfrentando consequências negativas em sua saúde e bem-estar. Dados alarmantes demonstram que elas possuem menor expectativa de vida e maior incidência de transtornos mentais em comparação às mulheres brancas.

A pergunta que surge é: quem cuida daquelas que cuidam? Quem oferece o apoio e o ombro amigo? É fundamental que existam espaços de escuta ativa e empática, onde as mulheres negras possam ser acolhidas e validadas em sua singularidade.

A jornada da mulher negra é permeada por desafios e recompensas. Embora estejam dispostas a cuidar, elas também necessitam de cuidado, reconhecimento e amor em sua trajetória.

Diante dessas reflexões sobre o papel central do cuidado na vida da mulher negra, é essencial reconhecer que o mundo sofrerá um colapso se não houver condições para que ela exerça suas ações diárias. Portanto, é imprescindível desenvolver um olhar mais sensível para suas vivências e realidade, promovendo cuidados e direitos de forma equitativa. Somente assim poderemos construir uma sociedade mais justa e igualitária para todas as mulheres.