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A cerveja é nossa? Mulheres descobriram a cerveja e o lúpulo, mas hoje são minoria nesse mercado

Foto: Internet

Sextou! E nada melhor para celebrar do que aquela cervejinha… a de hoje tem um gostinho especial, afinal, estamos no dia dela.

Na primeira sexta-feira de agosto, há 16 anos, o dia internacional da cerveja é comemorado. A data, que é festejada em 80 países, foi escolhida e instituída por quatro caras, amigos e amantes da bebida.

E por falar neles, eu poderia dizer aqui que nós, mulheres, estamos ganhando cada vez mais espaço nesse universo tão masculinizado, mas a verdade é que nós estamos apenas tentando reconquistar algo que tradicionalmente é feminino.

A cerveja e as mulheres

Sim, a cerveja é nossa! Se você não sabe, estudos sobre a história da humanidade revelam que a descoberta da cerveja foi feita por mulheres na Mesopotâmia, há mais de 5 mil anos. Era nossa a tarefa da agricultura e alimentação dos lares e, nessa brincadeira, cozinhamos grãos com água e ervas e descobrimos um suco que fermentava de maneira natural.

Aos poucos, fomos perdendo a dominação da produção e do consumo, e hoje somos minoria esmagadora nesse mercado. De acordo com a última edição do Consumer Insights da Kantar, o nosso consumo cresceu bastante nos últimos anos (6,7%), mas ainda é de apenas 21,2%.

“Produzo cerveja em casa”

Maria Moura é uma das que figura nessa estatística. O interesse pela bebida ultrapassou o simples prazer de consumir. “Sempre tive curiosidade de saber como ela é preparada até chegar ao nosso copo. Daí surgiu o curso técnico em cervejaria pelo Pronatec em Pernambuco e concluí em 2016”, afirma.

Foto: Cortesia

O estudo possibilitou com que, em poucos tempo, Maria pudesse não só produzir sua própria bebida em casa para receber amigos, mas lhe deu um vasto conhecimento sobre seu próprio paladar. “Minha relação com a cerveja melhorou em 100%. Hoje entendo sobre degustação e harmonização dos mais variados estilos”, completa.

Cerveja premiada

E por falar em estilos, só no Brasil hoje são catalogados mais de 100 nos principais guias: o BJCP (Beer Judge Certification Program) e o BA (Brewers Association) e um deles, o Dubbel rendeu um prêmio de terceiro lugar na Hoptober Fest a Juliana, outra cervejeira pernambucana apaixonada.

Foto: Cortesia

Ela entrou no curso por acaso, quando foi se inscrever no Pronatec para a área de saúde e as vagas tinham acabado. Ao final, recebeu a oportunidade de estagiar numa loja de insumos para cerveja, onde também auxiliava na criação de receitas. “Isso exigia de mim muita pesquisa, experimentação e dedicação”, afirma.

Empresária, professora, cervejeira e Maria Bonita

Com essa experiência, abriu sua própria loja de insumos junto a um sócio, a Villa do Malte, onde também faz workshops para ensinar a técnica de produção. “Minha paixão amadureceu. Hoje me dedico a aprender técnicas novas, me mantenho sempre atualizada, visando proporcionar um serviço de qualidade aos clientes e alunos”, pontua.

Hoje, Juliana é membro da Acerva (Associação dos Cervejeiros Artesanais) de Pernambuco, além de fazer parte de um grupo de WhatsApp chamado Maria Bonita, composto por 69 mulheres cervejeiras de Recife.

A cerveja é nossa? Cinco fatos sobre a relação entre cerveja e mulher que você não conhecia.

1: Como dissemos, as mulheres foram responsáveis pela produção da cerveja durante milênios – e aqui temos, pelo menos, seis mil anos, período em que se temos primeiros registros históricos. A explicação histórica para este fato é que, em boa parte destas sociedades, a agricultura e a alimentação eram uma tarefa feminina. O conhecimento sobre a terra e o clima, as habilidades desenvolvidas para o plantio, cultivo e colheita dos grãos e a preparação dos alimentos para as famílias e comunidades eram tarefas desempenhadas quase que exclusivamente pelas mulheres.

2: A descoberta do lúpulo também foi um feito feminino, evento que revolucionou para sempre a história da cerveja, já que uma de suas principais qualidades é de conservação. Foi no século XI, pela monja alemã Hildegard von Bingen, que também desempenhava outras atividades como teóloga, compositora, médica informal, dramaturga, poetisa e escritora.

3: Na Idade Média, na Europa, as mulheres seguiam sendo as protagonistas. Há registros que as primeiras tabernas seriam nas próprias casas das mulheres, que sinalizavam na entrada de suas moradas quando a cerveja estava pronta. A produção e distribuição da bebida também gerava renda para as famílias, e, inclusive, fazia parte do enxoval das noivas equipamentos para a produção da bebida.

4: A perspectiva se inverteu após a Revolução Industrial, quando necessitam de trabalhadores no chão das fábricas. Mulheres que seguiam produzindo a bebida eram acusadas de bruxaria e foram perseguidas durante a Idade Média. Ao longo da modernização das sociedades, esta atividade foi sendo cada vez mais afastada das mulheres. E não somente enquanto produtoras, mas até mesmo como consumidoras.

5: Com as sociedades passando por constantes transformações, também houve o surgimento, já no século XX, das propagandas de massa e do desenvolvimento da comunicação global. Com isso a imagem da mulher passou a ser utilizada nas propagandas a fim de induzir ou impulsionar vendas, mas estas não foram colocadas como produtoras, criadoras e sequer consumidoras, independentemente do produto em questão.

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Meline Lopes

Jornalista, advogada, especialista em comunicação e em marketing digital. Atuou como repórter de televisão durante 9 anos em diversas emissoras do Brasil. É repórter do Eufêmea.